Dólar salta 3,32% em outubro, maior alta em quase 1 ano
Segundo especialistas, a moeda norte-americana pode ter mudado de patamar no curto prazo, em torno de 3,30 reais
Reuters
Publicado em 31 de outubro de 2017 às 17h43.
Última atualização em 31 de outubro de 2017 às 18h57.
São Paulo - O dólar fechou em leve queda ante o real nesta terça-feira, mas encerrou outubro com a maior alta mensal em quase um ano, em meio a temores com o andamento da agenda econômica no Congresso Nacional e incerteza quando ao futuro da política monetária nos Estados Unidos .
Com isso, segundo especialistas ouvidos pela Reuters, a moeda norte-americana pode ter mudado de patamar no curto prazo, em torno de 3,30 reais.
O dólar recuou 0,28 por cento, a 3,2728 reais na venda, depois de chegar a 3,3022 reais na máxima do dia e, na mínima, a 3,2647 reais. O dólar futuro era negociado com baixa de cerca de 0,40 por cento no final da tarde.
Em outubro, a moeda norte-americana acumulou alta de 3,32 por cento frente ao real, maior salto mensal desde novembro de 2016 (+6,18 por cento), quando Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos.
"A sensação é de que a corrida eleitoral está começando mais cedo do que o esperado e o governo está ficando mais fraco devido à falta de apoio popular. A chance das reformas estão diminuindo", afirmou em nota a clientes o diretor da Tesouraria do banco Santander, Sandro Sobral.
Internamente, há ceticismo do mercado sobre a capacidade do presidente Michel Temer em dar continuidade à agenda econômica, em especial à reforma da Previdência. O mercado avalia que se a reforma não for aprovada neste ano, dificilmente será em 2018, ano eleitoral.
"Se a reforma não for aprovada, o dólar deve ficar entre 3,20 e 3,30 reais", afirmou o operador da corretora H. Commcor, Cleber Alessie Machado.
Entre meados de julho e o início deste mês, o dólar basicamente rondou os patamares de 3,15 e 3,20 reais, num momento de certo otimismo com o andamento das reformas do governo, que conseguiu tirar algumas do papel, como a Trabalhista.
A última sessão de outubro foi marcada por alguma volatilidade, em dia de formação da Ptax do mês, taxa do Banco Central e usada como referência em diversos contratos cambiais. Os investidores tendem a puxar as cotações para seus interesses.
No exterior, a principal questão em jogo é a sucessão do Federal Reserve, o banco central norte-americano. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deverá indicar o diretor do Fed Jerome Powell como próximo chair do Fed, no lugar de Janet Yellen, cujo mandato acaba em fevereiro.
Powell tem perfil menos conservador do que o economista da Universidade de Stanford John Taylor, que também faz parte da lista de Trump e chegou a ser apontado como seu favorito, alimentando temores de que o Fed poderia elevar os juros mais do que o esperado pelos analistas. Trump já disse que deve fazer sua escolha nesta semana.
"Se for Powell o escolhido, que é mais 'dovish', o dólarpode cair. Se for Taylor, vai surpreender bastante", afirmou o economista da corretora Renascença Marcos Pessoa.
No dia seguinte, haverá reunião do Fed e a expectativa geral é de que os juros serão mantidos, mas o mercado buscará pistas sobre o encontro de dezembro.
Neste mês, o BC ficou de fora do mercado de câmbio diante do fato de que não havia contratos de swaps cambiais vencendo em novembro para serem rolados. E também não há em dezembro, segundo dados do BC.