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Dólar volta a fechar abaixo dos R$ 4 e Ibovespa tem dia fraco

Moeda dos Estados Unidos perdeu 1,20% nesta quarta; já a bolsa brasileira oscilou antes de terminar em leve alta

Dólar (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)
TL

Tais Laporta

Publicado em 29 de maio de 2019 às 17h14.

Última atualização em 29 de maio de 2019 às 18h13.

O dólar perdeu força e voltou a fechar abaixo dos R$ 4 pela primeira vez em duas semanas, enfraquecido pelo otimismo com a cena política no Brasil.A moeda norte-americana terminou o dia negociada a R$ 3,9761, em baixa de 1,20%. É o menor valor frente ao real desde o dia 14 de maio, quando a moeda fechou a R$3,9758.

Otimismo interno fortalece o real

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O real se fortaleceu na esteira do pacto entre os presidentes dos três Poderes – o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e a presidência da República. A percepção do mercado é que o acordo entre os Poderes tira do caminho qualquer obstáculo à aprovação da reforma da Previdência e outras pautas econômicas.

O otimismo do mercado fez o cenário interno prevalecer sobre a cautela no exterior, onde as tensões entre Estados Unidos e China voltaram a se intensificar, pressionando a alta do dólar por lá.

"Agora o mercado começa a ter uma posição mais positiva com relação ao que pode acontecer com a aprovação da reforma da Previdência, algumas outras medidas importantes vão ser votadas", disse à Reuters o diretor de câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante.

O mercado também recebeu bem a aprovação da medida provisória da reforma administrativa pelo Senado, mantendo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Ministério da Economia. Com isso, não há mais risco da medida cair, embora ainda restem outras que precisem ser votadas.

Cautela no exterior fica em segundo plano

No exterior, o dia foi de forte temor ao risco, em meio a um novo atrito entre Estados Unidos e China. Jornais chineses alertaram que o país está pronto para usar terras raras como retaliação em uma guerra comercial.Elas são um grupo de 17 elementos químicos usados em tudo, desde eletrônicos de alta tecnologia até equipamentos militares. A perspectiva de que seu valor pudesse subir como resultado da guerra comercial fez as ações de produtores dispararem.

Ibovespa tem leve alta após oscilar

O principal índice de ações da B3, o Ibovespa, terminou o dia em leve alta de 0,18%, aos 96.566 pontos, após reverter a queda ao longo do longo do pregão. Com isso, se aproxima do fim do mês no positivo, apesar do "mau agouro" atribuído ao mercado de ações em maio. Nos últimos nove anos, a bolsa brasileira teve perdas no quinto mês do ano.

As ações de bancos ajudaram o índice a virar o jogo, mas também pesaram a cena política positiva, de um lado, e o cenário externo no radar, de outro. O giro financeiro somou R$ 14,79 bilhões.

No acumulado da semana, a bolsa avança 3,1%. Já em maio até esta quarta, sobe 0,22%. No ano, o índice acumula valorização de 9,87%.

O destaque do dia foi o novo capítulo da disputa pela aquisição da varejista de artigos esportivos Netshoes. Afundada em problemas financeiros, a empresa recebeu sucessivas propostas das redes Magazine Luiza e Centauro. Esta última elevou sua oferta para 3,50 dólares por ação, frente à última proposta de sua concorrente, que era de 3 dólares por ação.

Na bolsa de Nova York, as ações da Netshoes subiram mais de 20%. Já na B3, Magazine Luiza avançou 0,14% e Centauro, 1,56%.

Outros destaques da Bolsa

Os papéis do banco Itaú subiram 1,88%, enquanto o banco Bradesco avançou 1,99%, em sessão positiva para o setor bancário. O BC divulgou o relatório de crédito de abril, mostrando que o estoque de empréstimos ficou estável e que o índice de inadimplência teve leve baixa.

As ações da empresa de saneamento paulista Sabesp subiram mais de 4%, apesar da perda de validade da Medida Provisória 868, que alterava o marco regulatório do saneamento básico. A MP naufragou por falta de acordo entre os líderes.

Líder de baixa do dia, a processadora de carnes JBS perdeu 6,33%,enquanto a companhia de alimentos BRF cedeu 5,49%. A sessão foi negativa para o setor de proteínas devido à alta dos preços de grãos no exterior, que ocorre em meio a atrasos de plantio por fortes chuvas em importantes áreas de cultivo nos Estados Unidos.

Os papéis do Grupo Pão de Açúcar recuaram perto de 1%, em meio à notícia de que seu controlador Casino cancelou dividendos intermediários e teve sua nota de crédito reduzida pela Standard & Poor's a dois níveis da classificação de "junk" (alto risco de calotes). Contudo, a rede varejista Via Varejo, do mesmo grupo, subiu acima de 3%.

As ações preferenciais da estatal de petróleo Petrobras cederam mais de 1%, em linha com a queda dos preços do petróleo no exterior. Os mercados de petróleo estão sob pressão diante da intensificação dos atritos comerciais entre EUA e China, que pode reduzir a demanda global por combustíveis.

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