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Dólar fecha abaixo de R$2 e atinge menor nível em 8 meses

O valor da moeda caiu para baixo do piso informal imposto pelo BC ao mercado


	A divisa norte-americana encerrou a sessão desta terça-feira cotada a 1,985 real
 (SXC.HU)

A divisa norte-americana encerrou a sessão desta terça-feira cotada a 1,985 real (SXC.HU)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

O dólar caiu abaixo de 2 reais nesta terça-feira e fechou na menor cotação dos últimos oito meses, rompendo o piso da banda cambial informal que havia sido imposta ao mercado pelo Banco Central.

A moeda norte-americana recuou 0,83 por cento, para 1,9848 real na venda, a menor cotação de fechamento desde 28 de maio, quando ficou em 1,9833 real. Na véspera, a divisa já havia despencado 1,5 por cento.

Para analistas, a queda do dólar é um sinal de que preocupações com a inflação começam a superar a promessa do governo de estimular as exportações, embora uma fonte do Ministério da Fazenda tenha afirmado à Reuters que a equipe econômica está mais preocupada com a promoção de investimentos.

"A inflação mais alta está trazendo preocupações", disseram os analistas do Itaú Unibanco em relatório. "Uma taxa de câmbio menos depreciada deve ajudar a reduzir as pressões inflacionárias no curto prazo." Eles ponderaram, no entanto, que a política cambial brasileira também tem se focado na promoção do crescimento econômico. "O nível desejado para a taxa de câmbio é um equilíbrio entre esses dois objetivos." Durante a maior parte do ano passado, o BC interveio no mercado cambial para impulsionar as cotações do dólar e beneficiar os exportadores, que têm a maior parte de seus custos em reais e receitas em moeda estrangeira.

Inicialmente, o Banco Central impôs ao mercado uma banda informal de 2,0 a 2,10 reais por dólar. No entanto, quando as pressões inflacionárias aumentaram no final do ano passado, o teto da banda foi reduzido para 2,05 reais.


Analistas agora acreditam que o BC quer manter o dólar em torno de 2 reais, permitindo que ele caia abaixo desse nível se necessário para reduzir o custo de produtos importados, de forma a ajudar no combate à inflação.

"Nós achamos que o dólar possa cair até 1,95 ou 1,90 reais, com o Banco Central planejando usar o câmbio para controlar as expectativas de inflação", escreveram os analistas do Citibank em relatório.

O mais recente ajuste da banda cambial começou na sessão anterior, quando o dólar despencou 1,51 por cento, para 2,0014 reais na venda, depois que o Banco Central decidiu rolar uma série de swaps cambiais tradicionais que vencem no primeiro dia de fevereiro.

A rolagem foi interpretada como um sinal verde para a queda da moeda norte-americana, porque esses contratos de swap tradicional --que equivale à venda de dólares no mercado futuro-- foram oferecidos no momento em que o dólar já recuava ante o real.

ESTIMULANDO INVESTIMENTO?

Embora grande parte do mercado tenha visto a mudança de patamar do dólar como um sinal de preocupações crescentes do BC com a inflação, uma fonte do Ministério da Fazenda afirmou que o governo permitiu que o dólar caísse abaixo de 2 reais para baratear o custo de bens de capital necessários aos projetos de investimento no país.

Segundo essa fonte, que falou sob condição de anonimato, a mudança no patamar cambial visa menos ao controle da inflação do que ao estímulo dos investimentos.


Alguns analistas também afirmam que o dólar abaixo de 2 reais deve ter mais impacto nas expectativas de inflação, ao indicar que o BC está sensível à questão, do que nos índices de preços em si.

Segundo cálculos do Nomura Securities, o BC precisaria desvalorizar o real em cerca de 10 por cento para ter um impacto significativo na inflação.

"Embora o BC tenha claramente voltado parte de sua atenção à inflação em seu último comunicado, nós achamos muito difícil acreditar que, com uma recuperação econômica ainda muito anêmica, o governo daria luz verde ao BC para levar o dólar abaixo de 1,90 reais", afirmou em relatório o chefe de pesquisas do Nomura para as Américas, Tony Volpon.

Matéria atualizada às 18h54.

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