Dólar dispara 12% em 2011; Europa segue no foco em 2012
No primeiro semestre, o dólar estava caindo, atingindo o piso do ano em R$ 1,5388 na venda, menor cotação desde 99, quando o país voltou a adotar o câmbio flutuante
Da Redação
Publicado em 29 de dezembro de 2011 às 17h09.
São Paulo - O maior apetite por risco no exterior levou à primeira queda do dólar ante o real nesta quinta-feira, depois de quatro sessões em alta, mas ainda assim a moeda norte-americana acumulou no ano a maior valorização desde 2008, ano da crise financeira internacional. Para 2012, no entanto, as perspectivas são de relativa estabilidade.
Na última sessão de 2011, a divisa norte-americana caiu 0,27 por cento, para 1,8685 real na venda. No início do dia, a taxa de câmbio chegou a bater 1,8861 real na venda, alta de 0,67 por cento, mas virou após dados positivos nos Estados Unidos reanimarem investidores.
Em dezembro, a cotação subiu 3,07 por cento e terminou 2011 com forte valorização de 12,15 por cento, a maior desde a disparada de 31,29 por cento registrada em 2008, quando os mercados financeiros foram alvejados pela maior crise financeira desde o pós-guerra.
O ano contou com importante intervenção do governo no mercado de câmbio, mas com objetivos diferentes. No primeiro semestre, o dólar estava ladeira abaixo, atingindo em 26 de julho o piso do ano a 1,5388 real na venda, menor cotação desde 1999, quando o país voltou a adotar o regime de câmbio flutuante. Isso ocorria por causa do forte fluxo de dólares que o país recebia, com investidores estrangeiros em busca de bons rendimentos no país.
Um dia depois, o governo anunciou a cobranca de IOF de 1 por cento sobre posições vendidas líquidas com derivativos de câmbio, com a alíquota podendo ser elevada para até 25 por cento. A MP determinou ainda que o Conselho Monetário Nacional (CMN) passava a ser o responsável pela coordenação da supervisão de todo o mercado de derivativos, algo que cabia à BM&FBovespa.
Veja um resumo das medidas tomadas pelo governo no mercado de câmbio neste ano.
O mercado imediatamente reagiu, reduzindo a exposição vendida em dólar e provocando uma alta na moeda norte-americana. Mas esse movimento ganhou ainda mais força com a acentuada deterioração no cenário internacional, devido ao rebaixamento da nota de crédito soberano dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard and Poor's e também ao agravamento da crise de dívida na zona do euro.
Com isso, investidores estrangeiros, que chegaram a ficar vendidos em dólar em 24,6 bilhões de dólares em julho, passaram a ficar comprados na moeda norte-americana em cerca de 700 milhões de dólares no início de outubro.
A essa altura, o dólar já estava em 1,70 real, levando o BC a interromper as compras de moeda estrangeira que vinha fazendo quase que diariamente desde maio de 2009. Em setembro, quando a moeda atingiu 1,90 real, o BC agiu novamente e anunciou um leilão de swap cambial tradicional, que equivale a uma venda de futura de dólares.
Em dezembro, em meio a sinais de encarecimento no crédito externo, a autoridade monetária realizou um leilão de empréstimo de dólar com compromisso de recompra, mas não aceitou propostas.
"O BC não vai deixar o dólar superar com folga 1,90 (real). Ele sugeriu que esse é o teto, por isso não acredito numa nova disparada da moeda de forma contínua, apenas em eventos isolados", afirmou o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mario Battistel.
A estratégia do governo de continuar atuando no mercado de câmbio sempre que necessário será mantida daqui para frente.
Próximo ano
Para o ano de 2012, profissionais do mercado apostam que o mercado de câmbio continuará atrelado aos desdobramentos da crise externa, sobretudo na Europa.
"Foi um ano bem agitado (2011), e acho que pelo menos no primeiro trimestre de 2012 vamos ter uma indefinição no câmbio", afirmou o diretor de tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, atribuindo a falta de tendência para o dólar às incertezas que devem continuar permeando a crise na zona do euro.
Para Knauer, que trabalha com a perspectiva de um ano "difícil" para os mercados, mas sem ruptura, o dólar pode inclusive ter espaço para cair no segundo semestre, caso as inquietações com a Europa sejam amenizadas e a economia dos Estados Unidos mantenha uma trajetória de recuperação.
O economista da CM Capital Markets Mauricio Nakahodo acredita que o espaço para desvalorizações do dólar tende a ser limitado no próximo ano, especialmente devido a perspectivas de menores ingressos de recursos em meio à expectativa de continuada queda da Selic, que torna os ativos brasileiros menos atrativos. A Selic está atualmente em 11,00 por cento e o mercado prevê, com base no relatório Focus, que a taxa possa cair a 9,5 por cento no final de 2012.
"Além disso, devemos ter menos IED (Investimento Estrangeiro Direto) e o superávit da balança comercial vai ser menor. Tudo isso se traduz em menos fluxo", acrescentou.
De acordo com o Focus, o mercado estima que o dólar termine o primeiro trimestre de 2012 em 1,80 real, com o segundo trimestre a 1,78 real, o terceiro a 1,75 real, ficando nesse patamar até o final de dezembro.
São Paulo - O maior apetite por risco no exterior levou à primeira queda do dólar ante o real nesta quinta-feira, depois de quatro sessões em alta, mas ainda assim a moeda norte-americana acumulou no ano a maior valorização desde 2008, ano da crise financeira internacional. Para 2012, no entanto, as perspectivas são de relativa estabilidade.
Na última sessão de 2011, a divisa norte-americana caiu 0,27 por cento, para 1,8685 real na venda. No início do dia, a taxa de câmbio chegou a bater 1,8861 real na venda, alta de 0,67 por cento, mas virou após dados positivos nos Estados Unidos reanimarem investidores.
Em dezembro, a cotação subiu 3,07 por cento e terminou 2011 com forte valorização de 12,15 por cento, a maior desde a disparada de 31,29 por cento registrada em 2008, quando os mercados financeiros foram alvejados pela maior crise financeira desde o pós-guerra.
O ano contou com importante intervenção do governo no mercado de câmbio, mas com objetivos diferentes. No primeiro semestre, o dólar estava ladeira abaixo, atingindo em 26 de julho o piso do ano a 1,5388 real na venda, menor cotação desde 1999, quando o país voltou a adotar o regime de câmbio flutuante. Isso ocorria por causa do forte fluxo de dólares que o país recebia, com investidores estrangeiros em busca de bons rendimentos no país.
Um dia depois, o governo anunciou a cobranca de IOF de 1 por cento sobre posições vendidas líquidas com derivativos de câmbio, com a alíquota podendo ser elevada para até 25 por cento. A MP determinou ainda que o Conselho Monetário Nacional (CMN) passava a ser o responsável pela coordenação da supervisão de todo o mercado de derivativos, algo que cabia à BM&FBovespa.
Veja um resumo das medidas tomadas pelo governo no mercado de câmbio neste ano.
O mercado imediatamente reagiu, reduzindo a exposição vendida em dólar e provocando uma alta na moeda norte-americana. Mas esse movimento ganhou ainda mais força com a acentuada deterioração no cenário internacional, devido ao rebaixamento da nota de crédito soberano dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard and Poor's e também ao agravamento da crise de dívida na zona do euro.
Com isso, investidores estrangeiros, que chegaram a ficar vendidos em dólar em 24,6 bilhões de dólares em julho, passaram a ficar comprados na moeda norte-americana em cerca de 700 milhões de dólares no início de outubro.
A essa altura, o dólar já estava em 1,70 real, levando o BC a interromper as compras de moeda estrangeira que vinha fazendo quase que diariamente desde maio de 2009. Em setembro, quando a moeda atingiu 1,90 real, o BC agiu novamente e anunciou um leilão de swap cambial tradicional, que equivale a uma venda de futura de dólares.
Em dezembro, em meio a sinais de encarecimento no crédito externo, a autoridade monetária realizou um leilão de empréstimo de dólar com compromisso de recompra, mas não aceitou propostas.
"O BC não vai deixar o dólar superar com folga 1,90 (real). Ele sugeriu que esse é o teto, por isso não acredito numa nova disparada da moeda de forma contínua, apenas em eventos isolados", afirmou o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mario Battistel.
A estratégia do governo de continuar atuando no mercado de câmbio sempre que necessário será mantida daqui para frente.
Próximo ano
Para o ano de 2012, profissionais do mercado apostam que o mercado de câmbio continuará atrelado aos desdobramentos da crise externa, sobretudo na Europa.
"Foi um ano bem agitado (2011), e acho que pelo menos no primeiro trimestre de 2012 vamos ter uma indefinição no câmbio", afirmou o diretor de tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, atribuindo a falta de tendência para o dólar às incertezas que devem continuar permeando a crise na zona do euro.
Para Knauer, que trabalha com a perspectiva de um ano "difícil" para os mercados, mas sem ruptura, o dólar pode inclusive ter espaço para cair no segundo semestre, caso as inquietações com a Europa sejam amenizadas e a economia dos Estados Unidos mantenha uma trajetória de recuperação.
O economista da CM Capital Markets Mauricio Nakahodo acredita que o espaço para desvalorizações do dólar tende a ser limitado no próximo ano, especialmente devido a perspectivas de menores ingressos de recursos em meio à expectativa de continuada queda da Selic, que torna os ativos brasileiros menos atrativos. A Selic está atualmente em 11,00 por cento e o mercado prevê, com base no relatório Focus, que a taxa possa cair a 9,5 por cento no final de 2012.
"Além disso, devemos ter menos IED (Investimento Estrangeiro Direto) e o superávit da balança comercial vai ser menor. Tudo isso se traduz em menos fluxo", acrescentou.
De acordo com o Focus, o mercado estima que o dólar termine o primeiro trimestre de 2012 em 1,80 real, com o segundo trimestre a 1,78 real, o terceiro a 1,75 real, ficando nesse patamar até o final de dezembro.