Dólar: recuo da moeda norte-americana no Brasil também refletia movimento nos mercados externos (Juan Barreto/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2014 às 14h12.
São Paulo - O dólar ampliava a queda nesta terça-feira e chegou a cair 2 por cento na mínima, em um movimento de correção parcial da expressiva alta da véspera após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
Investidores continuam à espera de sinais claros sobre como será a condução da política econômica daqui para frente.
Enquanto isso não acontecer, a perspectiva é de manutenção da volatilidade nos negócios.
O recuo da moeda norte-americana no Brasil também refletia o movimento nos mercados externos, após uma série de dados mistos sobre a economia norte-americana.
Às 15h01, a moeda norte-americana caía 1,46 por cento, a 2,4860 reais na venda, após atingir 2,4720 reais na mínima do dia, em queda de 2,02 por cento.
Na segunda-feira, a divisa subiu mais de 2,5 por cento, maior alta em quase 3 anos.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro nesta sessão estava em torno de 900 milhões de dólares.
"Ainda há muitas dúvidas sobre como vai ser o próximo governo. Hoje o mercado está dando um ajuste, esperando mais notícias", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Advanced, Reginaldo Siaca.
Dilma, cuja atual política econômica é alvo de críticas nos mercados financeiros, foi reeleita no domingo na disputa mais apertada desde a redemocratização do país.
A perspectiva de que a petista poderia vencer a corrida eleitoral já havia tirado o dólar da casa dos 2,20 reais para perto de 2,50 reais de setembro para cá, com alguns analistas argumentando que o câmbio já tinha se ajustado ao resultado eleitoral.
Outros, antes do segundo turno, falavam que a moeda norte-americana poderia ir a até 2,70 reais com uma vitória de Dilma.
Agora, o mercado quer saber quem substituirá o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega.
"O dólar sem dúvida vai escolher uma direção depois da escolha do ministro. Se for alguém que agrada, o dólar pode cair mais. Se for alguém de quem o mercado não gosta, a pressão (de alta) volta", disse o operador de uma corretora internacional.
No exterior, uma série de indicadores econômicos mistos sobre os EUA levou alguns operadores a apostar que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode sinalizar em sua decisão de quarta-feira que só elevará os juros em meados de 2015.
O aperto monetário nos EUA, quando ocorrer, reduzirá a atratividade de investimentos em países emergentes, como o Brasil.
"O Brasil tem suas próprias preocupações, mas o dólar está fraco globalmente hoje", disse o estrategista sênior de câmbio para mercados emergentes do Scotiabank, Eduardo Suarez.
A moeda dos EUA recuava contra divisas como o euro e outras moedas de países emergentes além da brasileira, como os pesos chileno e mexicano.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias.
Foram vendidos 2 mil contratos para 1º de junho e 2 mil contratos para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a 197,7 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro.
Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 89 por cento do lote total, equivalente a 8,84 bilhões de dólares.
Nesse leilão de rolagem, foram vendidos swaps para 1º de outubro e 1º de dezembro de 2015, diferente das operações anteriores, com contratos para 3 de agosto e 1º de outubro de 2015.