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Dólar cai mais de 2,5% com Guedes no controle dos gastos fiscais

Afrouxamento de quarentena endossa otimismo nos mercados internacionais; escolha de Bolsonaro para Justiça agrada

Dólar: moeda caminha para fechar semana (mais curta) em queda (SOPA Images/Getty Images)

Dólar: moeda caminha para fechar semana (mais curta) em queda (SOPA Images/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 28 de abril de 2020 às 17h10.

Última atualização em 28 de abril de 2020 às 17h34.

O dólar voltou a fechar em queda contra o real, nesta terça-feira, 28, refletindo o arrefecimento da crise política e o movimento internacional de maior apetite a risco. Neste pregão, o dólar comercial fechou em queda de 2,59%, cotado a 5,517 reais. O dólar turismo caiu 2,55%, a 5,74 reais. 

Se no exterior os ativos de risco foram beneficiados pela expectativa de retomada das principais economias do mundo, no Brasil, os investidores ainda repercutem a sinalização do presidente Jair Bolsonaro de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem total autonomia para decidir os assuntos econômicos do país. Na semana passada, a saída do ministro foi bastante especulada, após o plano de retomada econômica ser apresentado sem seu aval. O programa, intitulado “Pró-Brasil”, foi congelado.

“Hoje a gente vê que a saída de Guedes era apenas boatos. Essa harmonização dele com o presidente também acaba melhorando o clima político entre o planalto e o legislativo”, afirmou Rafael Panonko, analista da Toro Investimentos

A permanência de Guedes é vista pelo mercado como um sinal de que os gastos adicionais para conter os impactos do coronavírus serão controlados de forma responsável. 

“O mercado vê com certa preocupação os estímulos econômicos. O envolvimento de Guedes é importante na parte fiscal”, disse Panonko. 

Segundo Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus, a indicação de André Mendonça para o ministério da Justiça também agradou. “Não é ligado diretamente à família do presidente, então o mercado olha de uma forma mais positiva”, disse.

Após a saída de Sergio Moro do cargo, na sexta-feira passada, vinha sendo sondado o nome de Jorge Oliveira para ocupar seu lugar. Oliveira era tido como uma escolha “pessoal”, por ter sido chefe de gabinete de Eduardo Bolsonaro.

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que apontou para uma leve deflação de 0,01% nos 15 primeiros dias de abril. 

“Mesmo alto, o dólar não está tendo impactos na inflação. Por isso o Banco Central não está tão preocupado. Dólar alto pode até favorecer a bolsa, com as exportadoras se beneficiando”, comentou Laatus.

Com cenário de inflação baixa – e até mesmo negativa-, o caminho fica praticamente livre para que o Comitê de Política Monetária (Copom) volte a cortar a taxa básica de juros Selic na próxima semana. De acordo com Laatus, o corte já está sendo dado como certo pelo mercado. 

Embora possa aquecer a atividade econômica, a redução da taxa Selic, que já está na sua mínima histórica de 3,75% ao ano, tende a enfraquecer o real, uma vez que afasta investidores estrangeiros em busca de ganhos atrelados aos juros do país. “O corte já está precificado no dólar”, disse Laatus. 

No último pregão, a moeda americana passou a maior parte do período da tarde no campo positivo e só virou para queda nos minutos finais da sessão, fechando em queda de 0,1% em 5,664 reais.

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