Dólar reduz alta após chegar a R$ 4,50 mas ainda bate recorde
Alta da moeda americana reflete busca por segurança em meio às incertezas sobre impactos do coronavírus na economia
Guilherme Guilherme
Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 09h25.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2020 às 16h38.
O dólar renovou mais uma vez sua máxima histórica na abertura desta quinta-feira (27), superando 4,48 reais pela primeira vez e subindo pela sétima sessão consecutiva em meio a temores sobre a expansão do coronavírus fora da China. Às 14h29, o dólar avançava 0,599% e era negociado por 4,4707 reais na venda.
A alta do dólar frente ao real é reflexo da busca por ativos de segurança, segundo Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset. "É um movimento de fortificação do dólar com uma pitada de aversão a risco . O cara vende a Bolsa e manda o dinheiro de volta para os Estados Unidos para comprar título de renda fixa", disse.
Com rendimento inversamente proporcional à demanda, os títulos americanos pré-fixados de 10 anos estão na mínima histórica, com retornos de 1,274% ao ano. Nesta quinta-feira, o ativo se encaminha para o sétimo pregão consecutivo de queda, desvalorizando-se 2,76%. "Ou seja, está todo mundo comprando ativos conservadores nos Estados Unidos", afirmou Spyer.
Em uma tentativa de corrigir eventuais excessos ou disfuncionalidades no mercado de câmbio, o Banco Central realizou neste pregão leilão extraordinário de até 20 mil swaps tradicionais (1 bilhão de dólares) com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, conforme anunciado na quarta-feira (26), em que vendeu todos os contratos ofertados. O BC vendeu ainda todos os 13 mil contratos de swap cambial em operação de rolagem.
"O Banco Central tem muita reserva e pode fazer atuações no câmbio. Mas o que ajudaria na queda do dólar seria a entrada de investimento estrangeiro que não virá diante do temor com o coronavírus", disse Bruno Madrugra, responsável pelo segmento de renda variável da Monte Bravo.
Madruga também vê a saída de dólares associada à queda dos juros, que dificultou ganhos com carry trade. "Já saiu muito dinheiro especulativo do Brasil que estava aplicado em renda fixa."