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Dólar se aproxima de recorde após BC se dizer "tranquilo" com câmbio

Campos Neto não descartou intervenções em caso de problemas de liquidez ou se for identificado movimento "exagerado" no mercado cambial

Dólar: na véspera, o dólar à vista fechou em alta de 0,66%, a 4,358 reais, (Royalty-free/Getty Images)
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Reuters

Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 09h20.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2020 às 15h56.

São Paulo —O dólar avançava nesta quarta-feira, chegando a flertar com 4,38 reais na máxima até o momento e se aproximando novamente de recordes históricos, um dia após o presidente do Banco Central dizer que está tranquilo sobre o câmbio e em mais uma sessão de força da moeda norte-americana no exterior.

Às 15h49, o dólar avançava 0,3% e era negociado por 4,3713 reais na venda. No pico da sessão, a divisa foi a 4,3779 reais na venda, perto da máxima histórica intradiária de 4,3840 reais na venda na quinta-feira passada. Foi nesse pregão que o Banco Central fez, sem aviso prévio, leilão de contratos de swap cambial tradicional (vendendo 1 bilhão de dólares nesses ativos), na primeira operação do tipo desde junho de 2018.

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Na terça, o dólar à vista fechou em alta de 0,66%, a 4,358 reais, novo recorde nominal para um encerramento de sessão.

Na véspera, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que o Banco Central está tranquilo sobre o câmbio e que o regime cambial é flutuante, mas que pode fazer intervenções em caso de problemas de liquidez ou se for identificado movimento "exagerado" no mercado cambial.

No entendimento do mercado, a fala de Campos Neto indica que o BC não vê urgência em fazer recorrentes intervenções para defender o patamar da moeda. A declaração do chefe da autoridade monetária vem num momento em que cresce a percepção no mercado de que o governo está apoiando um câmbio mais desvalorizado para impulsionar o crescimento.

O economista-chefe do Haitong, Flávio Serrano, disse que o nível da taxa de câmbio é "determinado por condições de mercado" e que a desvalorização do real tem sido ditada pela taxa de juros baixa e pela ausência de expectativa de crescimento econômico mais forte.

"Hoje, para o real se fortalecer, como não tem os juros, precisa de crescimento. E isso o mercado começou a mudar a percepção revisando para baixo as estimativas", disse.

Fevereiro tem sido marcado por uma série de revisões para baixo nas perspectivas para expansão da economia. Apenas na terça pelo menos Citi e MUFG baixaram as projeções, depois de dias atrás JPMorgan, Itaú Asset Management, UBS, Bank of America e Santander Brasil fazerem o mesmo.

Mesmo a pesquisa Focus do BC, que costuma capturar com algum atraso mudanças nas estimativas, já apontou menor prognóstico para crescimento econômico, com a estimativa para 2020 caindo a 2,23%, de 2,30% na semana anterior.

Um cenário de crescimento mais lento reduz o espaço para aumentos de retornos na renda fixa e diminui o apetite por investimento estrangeiro no Brasil --ambos os fatores prejudicam as expectativas de ingresso de capital que poderia ajudar a trazer algum alívio ao câmbio.

No exterior, o sentimento era um pouco mais tranquilo depois que a China divulgou o menor aumento diário no número de novos casos de coronavírus desde 29 de janeiro, mas ainda assim o dólar renovava máximas em quatro meses e meio contra uma cesta de moedas fortes, enquanto se mantinha fortalecido ante várias divisas emergentes.

Investidores também ficarão de olho na ata do último encontro do banco central norte-americano. O Fed tem sinalizado que está de olho no impacto do coronavírus, mas que não tem intenção de cortar os juros em breve. Muitos analistas avaliam que ele precisará mudar de ideia.

O Banco Central ofertará nesta quarta-feira até 13 mil contratos de swap tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, para rolagem de contratos já existentes.

 

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