Dólar fecha em queda com ajuda de cenário externo
Apesar de pressões internas, real se valoriza com expectativa de reabertura dos EUA e possível eficácia de remédio contra covid-19
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2020 às 17h15.
Última atualização em 17 de abril de 2020 às 17h36.
Bastante aguardado pelos investidores, o pronunciamento do presidente Donald Trump sobre como pretende reativar a economia americana foi bem aceito pelo mercado financeiro, fazendo ativos de risco se valorizarem no mundo inteiro, nesta sexta-feira. Com isso, o dólar comercial fechou em queda de 0,4%, cotado a 5,236 reais, enquanto o dólar turismo recuou 0,2%, a 5,53 reais. Na semana, a moeda americana subiu2,85% frente ao real.
Além do plano trifásico da Casa Branca para que os americanos saiam da quarentena, o bom humor do mercado também foi puxado pela notícia de que o remédio remdesivir se mostrou eficaz em teste com 125 pacientes infectados pelo coronavírus covid-19. De acordo com o site de notícias médicas Stat , todos apresentaram melhoras após serem medicados. Desse total, 113 estavam em estado grave.
Apesar do tom positivo no exterior, com as principais moedas emergentes ganhando força contra o dólar, o real chegou a registrar perdas mais cedo. No cenário interno, pesa a preocupação sobre como serão os efeitos do coronavírus no país, que ainda deve ver o pico da doença nas próximas semanas.
Pela manhã, o mercado esteve atento ao anúncio de que o estado de São Paulo irá prorrogar a quarentena para 10 de maio. "Por mais que maioria das pessoas já imaginassem que isso fosse acontecer, a confirmação acaba corroborando para a incerteza sobre o retorno da atividade econômica [no país]", disse Henrique Esteter, analista da Guide.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, os recentes conflitos entre governadores (favoráveis ao fortalecimento da quarentena) e o presidente Jair Bolsonaro (favorável ao afrouxamento da mesma) deixam ainda mais nebuloso o cenário. “Na dúvida, vende.”
Outro fator contra o real é a perspectiva para o sistema bancário brasileiro rebaixada pela agência de classificação de risco Moody’s. Segundo ela, a queda da renda familiar e o desemprego vão elevar a inadimplência e, consequentemente, reduzir a qualidade do crédito dos bancos.