Dólar: dólar à vista fechou em alta de 1,54%, a 4,651 reais na venda na sessão anterior (David Muir/Getty Images)
Reuters
Publicado em 6 de março de 2020 às 09h24.
Última atualização em 6 de março de 2020 às 13h04.
São Paulo — O dólar passou a cair nesta sexta-feira (6), após superar os 4,66 reais mais cedo. Às 12h40, a moeda americana recuava 0,722% e era negociada por 4,6174 na venda.
Pela manhã, o Banco Central realizou leilão de 2 bilhões de dólares em contratos de swap tradicional para tentar conter alta em meio às expectativas de corte da Selic. A medida causou pouco efeito sobre o câmbio. Em seguida, a divulgação de dados positivos sobre o desemprego nos Estados Unidos referentes ao mês de fevereiro ajudou a aliviar a tensão sobre os impactos econômicos do coronavírus no mundo e o real chegou a se valorizar frente ao dólar
A valorização do real frente ao dólar ocorre em linha com o movimento de outras divisas internacionais. Nesta sexta, o índice Dxy, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas caia 0,81%. Embora o índice dólar se encaminhe para a sexta queda dos últimos sete pregões, no Brasil, a moeda americana vinha ganhando força desde 17 de fevereiro. Caso caia, a dólar irá encerrar a sequência de 12 altas consecutivas e 11 recordes nominais.
Apesar da queda de hoje, o câmbio tem se tornado uma preocupação no mercado financeiro.
Em relatório, Sidnei Nehme, analista de câmbio da corretora NGO afirmou ver a valorização atrelada à sequência de cortes de juros e à baixa atividade econômica brasileira, insuficiente para atrair investidores estrangeiros. "O resultado é o preço do dólar num alinhamento para atingir 5,00 reais", escreveu.
Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset também não descarta a hipótese de a moeda chegar a esse valor. "Dólar a 5 reais não é impensável, mas talvez não seja aceitável", comentou. Segundo ele, tecnicamente, o dólar está sem muita resistência. "Tinha certa resistência quando estava entre 4,20 reais e 4,30 reais. Agora já estamos chegando em 4,70 reais e não parece que o Banco Central está preocupado", disse.
Na terça-feira (3), após o Federal Reserve cortar os jutos americanos, o Banco Central emitiu um comunicado em que sinalizou que pode voltar a cortar a Selic. Analistas do mercado consultados por EXAME, consideraram a medida do BC como "precipitada", visto que aumenta a pressão para que o corte seja efetivamente feito na próxima reunião do Comitê de Políticas Monetárias (Copom), no próximo dia 18.
Ontem (5), o ministro da Economia, Paulo Guedes admitiu a possibilidade da moeda americana atingir a marca de 5 reais caso "se fizer muita besteira".
Para Vieira, dólar a 5 reais pode ter consequências políticas para o governo. "A população em geral associa o dólar baixo como algo positivo, tanto que nas eleições tinha gente pedido dólar a 2 reais de volta. De certa maneira, essa percepção é um passivo político. Os políticos vão falar que o Bolsonaro deixou o dólar chegar a 5 reais", afirmou.
Na sessão anterior, o dólar à vista fechou em alta de 1,54%, a 4,651 reais na venda - nova máxima histórica nominal para um encerramento.