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Do IPO bilionário ao 'crowdfunding' em um ano: a história curiosa da Sono Motors

Empresa faz campanha com o objetivo de vender carros movidos a energia solar de forma antecipada

Sion: modelo será fabricado pela empresa somente em 2024 (Martin Meiners/Sono Motors/Site/Divulgação)

Sion: modelo será fabricado pela empresa somente em 2024 (Martin Meiners/Sono Motors/Site/Divulgação)

KS

Karina Souza

Publicado em 23 de dezembro de 2022 às 15h00.

Fabricar carros movidos a energia solar. Essa é a visão da startup alemã Sono Motors, mais uma vítima do inverno das startups e dos ativos de tecnologia em geral. Recentemente, a companhia, que tem ações cotadas a US$ 1 na Nasdaq, disponibilizou um vídeo no próprio site, em que pede encarecidamente aos clientes que façam encomendas pré-pagas do Sion —  modelo de carro ainda a ser fabricado pela empresa — de olho em garantir que o projeto não vá por água abaixo. É um discurso totalmente diferente do encontrado há apenas um ano. Em novembro de 2021, a empresa se tornou pública na bolsa e foi avaliada em US$ 1 bilhão, com ações cotadas a US$ 15. 

“Nós falhamos em levantar capital. Falhamos em explicar aos investidores por que o Sion é realmente necessário e por que há uma grande demanda por ele. Para piorar, estamos vivendo múltiplas crises globais, fazendo com que a maioria dos investidores evite correr riscos e busque empresas mais maduras. Eles estão nos dizendo para não construir o carro, reestruturar a empresa e demitir 70% do nosso pessoal. Reembolsar a Comunidade e desconsiderar o Sion. Mas, para nós, isso simplesmente não pode ser uma opção. Não pode ser esse o fim”, afirma Laurin Hahn, co-CEO da Sono Motors, em um vídeo disponibilizado no site da empresa. 

Como resultado de todo esse cenário, veio a ideia de fazer a campanha #SaveSion. De acordo com as informações disponibilizadas pela startup, a meta é vender 3.500 veículos de forma antecipada, com a promessa de que esse dinheiro será usado para pagar o maquinário restante, terminar de ter as ferramentas e a planta de produção adequada em 2023 — e começar, efetivamente, a linha de montagem em 2024.

Além de tentar vender unidades de forma antecipada, o site também encoraja os atuais ‘clientes’ a aumentarem o valor pago pelo veículo — nem que seja em US$ 100 – ou a fornecerem qualquer outro tipo de ajuda, desde empréstimos até doações e posts em redes sociais. A empresa garante que o pagamento (caso a opção seja pela ajuda financeira) só será feito caso a campanha como um todo seja bem-sucedida.

Hoje, há 21 mil reservas de pessoas físicas feitas pelo Sion, um aumento de 30% em relação a um ano atrás. Além disso, há outras 22 mil encomendas feitas por empresas (aumento de 44% em relação a um ano), o que soma, em conjunto, aproximadamente US$ 1 bilhão.

O veículo em questão tem 456 células solares integradas na carcaça. Com isso, de acordo com o site, é possível adicionar até 245 quilômetros, por semana, de autonomia à bateria do carro, por meio da energia do sol — o que cria uma autossuficiência em distâncias curtas. Carregá-lo, efetivamente, leva cerca de meia hora em uma estação de carregamento rápido. O carro também é compatível com qualquer estação pública de carregamento na Europa.

Cada unidade custa 29,6 mil euros, num preço promocional válido até o dia 24 de dezembro. Depois desse período, a ideia é que o veículo volte ao valor original, próximo aos 30 mil euros.

Além do projeto Sion, a companhia tem uma outra unidade, a Sono Solar, em que licencia e vende a tecnologia de energia solar para ser acoplada em ônibus, caminhões, vans e mais. No último ano, unidade cresceu 130% e hoje tem 23 consumidores, como Mitsubishi, Scania e MAN. Mas ainda não se sustenta sozinha dentro do modelo de negócio da empresa --- o que ajuda a entender a ação 'desesperada' por salvar o projeto do carro movido a energia solar. 

Em entrevista ao The Information, Torsten Kiedel, CFO da Sono Motors, afirmou que a companhia tem apenas US$ 26 milhões em caixa, além de uma linha de crédito de US$ 31 milhões. Com 400 colaboradores, a empresa queima US$ 4,7 milhões de caixa por mês. 

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