Dívida brasileira mais segura que a do Goldman sinaliza upgrade
Proteção do título brasileiro de 5 anos contra calote caiu ao menor nível desde maio de 2008 e agências podem melhorar rating do país
Da Redação
Publicado em 19 de outubro de 2010 às 08h50.
Nova York - A mais forte expansão econômica em duas décadas tornou a dívida brasileira mais segura do que os papéis do Goldman Sachs Group Inc. e os da Dell Inc. no mercado dos chamados credit default swaps, ou CDS.
O custo para proteger a dívida brasileira por cinco anos contra um calote caiu para 89 pontos-base em 13 de outubro, o menor nível desde maio de 2008 e 6 pontos abaixo do Índice Markit CDX de Dívida com Grau de Investimento da América do Norte, que inclui Goldman Sachs e Dell, de acordo com a CMA DataVision. A nota brasileira BBB-, segundo a Standard & Poor’s, é quatro níveis inferior à do Goldman Sachs, o banco de investimento mais lucrativo do mundo, e três níveis inferior à da Dell, a terceira maior fabricante de computadores.
O Banco Central prevê que a maior economia da América Latina vai crescer mais de 7 por cento este ano pela primeira vez desde 1986, mais que o dobro do ritmo de expansão nos Estados Unidos e Japão. Investidores internacionais aplicaram uma quantia recorde de US$ 41 bilhões em títulos de nações em desenvolvimento este ano, de acordo com o grupo de pesquisas EPFR Global, reduzindo o rendimento de papéis do Brasil, China e outros países emergentes.
“Há uma mudança estrutural à medida que o perfil de crédito da maioria dos mercados emergentes, incluindo o Brasil, melhora”, disse Edgardo Sternberg, estrategista de dívida de mercados emergentes em Boston da Loomis Sayles & Co., que administra cerca de US$ 140 bilhões em ativos. “Haverá mais melhorias nas notas de crédito no futuro.”
A Moody’s Investors Service, que elevou o Brasil a grau de investimento com a nota Baa3 em setembro de 2009, disse este mês que pode revisar a classificação do País já em março.
Nota BBB+
A diferença entre o custo do CDS do Brasil e das empresas do índice Markit CDX em 13 de outubro era a maior desde setembro de 2008, segundo a CMA. Custava 42 pontos-base, ou 0,42 ponto percentual, a mais para fazer um CDS da dívida do Goldman Sachs do que um da dívida brasileira. Para a Dell, sediada em Round Rock, Texas, o custo era 24 pontos maior.
O Goldman Sachs tem nota A1 pela Moody’s e A pela S&P. A Dell é classificada como A2 na Moody’s e A- na S&P.
Michael DuVally, porta voz do Goldman Sachs em Nova York, se recusou a fazer comentários para esta reportagem, assim como o porta-voz da Dell, David Frink.
Os chamados CDS pagam ao portador o valor de face em troca do instrumento em questão ou o equivalente em dinheiro, caso um governo ou empresa deixe de cumprir seus acordos de dívida.
No caso do Brasil, esses contratos de CDS precificam um aumento de classificação de risco de dois níveis, que elevaria a nota para BBB+, de acordo com a Brown Brothers Harriman & Co.
A perspectiva para a nota brasileira foi melhorada em 28 de junho de estável para positiva pela Fitch Ratings, que citou a “dinâmica de crescimento” e as políticas “prudentes” do País. A Fitch classifica a dívida do Brasil em BBB-, o menor grau de investimento, em linha com as notas da S&P e Moody’s.