Desistência de Biden, relatório de despesas, balanços e juros na China: o que move o mercado
Mercado repercute apoio do atual presidente a Kamala Harris, sua vice, para concorrer como candidata democrata nas eleições deste ano
Repórter de finanças
Publicado em 22 de julho de 2024 às 08h25.
Os mercados internacionais operam majoritariamente em alta na manhã desta segunda-feira, 22.Os índices futuros dos Estados Unidos sobem após a desistência do presidente Joe Biden em concorrer nas eleições deste ano. Na Europa, o mercado também abriu em alta, ensaiando recuperação depois de acumular significativas perdas na semana passada. Na contramão, as bolsas da Ásia fecharam em queda, mesmo com a redução das taxas de juros na China para estimular a economia. Por aqui, o Ibovespa futuro opera em ligeira alta, de olho no relatório bimestral de despesas.
Desistência de Biden
O mercado repercute o anúncio de Joe Biden, neste domingo, 21, de que não disputará mais a reeleição. Esta é a primeira vez que um candidato desiste depois de alcançar a maioria dos delegados no processo primário e menos de um mês antes da Convenção Nacional Democrata, marcada para 19 a 22 de agosto em Chicago.
Biden era o candidato democrata que enfrentava Donald Trump nas campanhas pré-eleitorais para a presidência nos Estados Unidos. Agora, o atual presidente declarou seu apoio a Kamala Harris, sua vice, para concorrer como candidata democrata nas eleições deste ano.
No entanto, o apoio de Biden a Kamala não garante que ela será a candidata democrata. O processo de substituição não está claro e poderá levar o partido a uma situação atípica. Será necessário realizar uma reunião de emergência na qual sua comissão de normas e regulamentos deve estabelecer o processo para efetuar a substituição.
Entre os cotados para substituí-lo na disputa, estão o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, e mais alguns nomes. A decisão sobre a nova candidatura deverá ser definida até a Convenção Nacional Democrata.
Relatório bimestral de despesas
No cenário local, investidores aguardam adivulgação do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, a ser enviado na tarde desta segunda-feira ao Congresso Nacional. É aguardado uma oficialização do congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024.
Na última quinta-feira, 18, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), antecipou o anúncio do congelamento, em meio à disparada do dólar às vésperas do envio do relatório. Dos R$ 15 bilhões a serem suspensos, R$ 11,2 bilhões serão bloqueados; e R$ 3,8 bilhões, contingenciados. Tanto o contingenciamento como o bloqueio representam cortes temporários de gastos.
Balanços
A temporada de balanços começa nesta segunda-feira no Brasil com Carrefour (CRFB3) após o fechamento do mercado. Na quarta-feira, 24, é a vez de Santander (SANB11), enquanto na quinta-feira, 25, todos os olhares voltam para Vale (VALE3), além de Hypera (HYPE3) e Multiplan (MULT3). Já na sexta-feira, 26, Usiminas (USIM5) divulga seus números.
Redução de juros na China
O Banco do Povo da China (PBoC) anunciou nesta segunda-feira aredução de suas taxas de juros de referência do país. A taxa de juros de referência para empréstimos (LPR, na sigla em inglês) de cinco anos caiu de 3,95% para 3,85% ao ano. Já a taxa de referência de um ano foi reduzida de 3,45% para 3,35% ao ano.A última vez que houve alteração na LPR foi em fevereiro deste ano, enquanto a taxa de um ano não mudava desde agosto de 2023.
A entidade financeira ainda diminuiu a taxa de recompra reversa para sete dias, de 1,8% para 1,7%, um ajuste que não acontecia desde agosto de 2023, quando foi reduzida de 1,9% para 1,8%. O propósito dessa ação, conforme o PBoC, é "expandir o apoio financeiro à economia real".
A mudança ocorre logo após os números fracos do Produto Interno Bruto (PIB) da China, que mostram uma desaceleração do crescimento do país.Na semana passada, o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) divulgou que o PIB chinês cresceu 4,7% no segundo trimestre de 2024 na comparação anual, enquanto a previsão era de +5,1%. Segundo o ING, a China precisará gastar mais para conseguir atingir a meta de crescimento de 5% do PIB ao final de 2024.