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Clientes da Unick Forex fazem abaixo-assinado em defesa da empresa

Empresa foi alvo de operação da Receita e da PF na semana passada sob acusação de montar uma pirâmide financeira com até um milhão de pessoas

Empresa dizia vender cursos de mercado financeiro, mas na prática oferecia investimentos com retorno de 100% em seis meses (Witthaya Prasongsin/Getty Images)
TL

Tais Laporta

Publicado em 27 de outubro de 2019 às 08h30.

Última atualização em 27 de outubro de 2019 às 09h38.

Investidores da Unick Forex ,que foi alvo de operação da Receita e da Polícia Federal na semana passada sob acusação de montar um esquema de pirâmide financeira com até um milhão de clientes, lançaram um abaixo-assinado na internet em defesa da empresa, culpando o governo e a mídia pelos problemas e pedindo a volta das operações. O manifesto já conta com cerca de 9 mil assinaturas. Os diretores da empresa foram presos e a Unick está sob investigação, com seus bens e contas bloqueados pela Justiça.

Ignorando as investigações da polícia e da Receita, os clientes dizem que “querem reforçar a inocência das atividades” que a Unick “vem desenvolvendo juntamente com seus clientes e trazendo bom material e conteúdo de aprendizagem bem como seus produtos comercializados na plataforma”. Os organizadores do abaixo-assinado dão a entender que seria uma forma de obter de volta o dinheiro aplicado. “Vamos contra o Governo e em Favor da Unick”, diz um deles.

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A Unick Forex dizia vender cursos de mercado financeiro, mas na prática oferecia investimentos com retorno de 100% em seis meses, conforme mostraram investigações da Polícia Federal e da Comissão de Valores Mobiliários ( CVM ). O ganho, dizia a empresa, viria da participação nas vendas dos pacotes educacionais, que poucos investidores chegaram a ver e muitos nem sabiam que existiam, já que o que interessava mesmo era o rendimento muito acima de qualquer opção do mercado.

Além disso, havia comissões na indicação de novos investidores. Quem indicava recebia parte das aplicações que o indicado fazia, bem como dos outros investidores que o indicado conseguisse, o que permitia a formação de redes, como em um sistema de marketing multinível.

No caso, porém, o sistema era voltado apenas para captar mais adeptos para o esquema com a atratividade do retorno, e não vender produtos como ocorre em empresas como Avon, Natura ou Tupperware, e nas quais o ganho é infinitamente menor e não é garantido, como alegava a Unick. Líderes de redes, os diamantes, incentivavam seus comandados a conquistar novos clientes, ostentando carros de luxo, barcos, viagens. Os que conseguiam mais adeptos podiam ainda ganhar prêmios como carros, motos e relógios de luxo.

Muitos investidores em grupos de Whatsapp ainda acreditam que a empresa realmente tinha condições de cumprir o que prometia e têm esperanças de que ela pagará os compromissos ou pelo menos devolverá o dinheiro investido, apesar de a Polícia Federal e a Receita terem encontrado uma parcela ínfima do valor devido nas contas da empresa. Foram localizados, porém, R$ 200 milhões em contas de pessoas ligadas à Unick e mais R$ 50 milhões em criptomoedas, dinheiro que era usado em alguns pagamentos quando a pressão dos investidores crescia e mantinha a esperança dos demais.

Para esses investidores que organizaram o abaixo-assinado, porém, o atraso nos pagamentos, de quase três meses antes da ação da PF, foi provocado por fraudes que a empresa estaria investigando. “No atraso de pagamentos referentes a cancelamentos”, dizem os defensores da Unick, “a empresa ainda vinha mapeando associados que haviam fraudado seu sistema para poder obter lucro fácil, lesando assim muitos clientes”, diz o texto. “Toda a demora foi compreensível, mas muitos clientes também se utilizaram de má-fé, aproveitando-se do momento de lesa”.

O texto culpa também a mídia que, “em massa trouxe falsas acusações nesta questão”, o que teria provocado a ação da PF. Para o grupo de clientes, a empresa “podendo ter liberdade de trabalhar com suas atividades que não estão ilegais poderá ainda cumprir com suas obrigações junto aos seus associados e com todos que ainda confiam na empresa e contam com a ferramenta de trabalho oferecida pela mesma e devolver o que for devido para todos que assim desejarem”. “Contamos que seja a ‘justiça’ feita”, conclui a nota.

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