Casino: proposta de aumento de capital ganha novos interessados e pode tirar Naouri do controle
Grupo recebeu carta de empresários franceses e do Grupo Fimalac interessados em acompanhar investimento, que deve trazer alívio para dívidas
Repórter Exame IN
Publicado em 15 de junho de 2023 às 16h46.
Última atualização em 15 de junho de 2023 às 17h17.
O relógio está pressionando Jean-Charles Naouri, atual controlador e CEO do grupo francês Casino, acionista do Assaí (ASAI3) e do GPA (PCAR3). E tudo isso pode se refletir nos negócios do grupo aqui no Brasil. A proposta bilionária feita pelo megaempresário theco Daniel Kretinsky agora recebeu apoio do trio de empresários franceses Xavier Niel, Matthieu Pigasse e Moez-Alexandre Zouari e do Grupo Fimalac.
Em abril, Kretinsky, dono do grupo de energia europeu EP e segundo maior acionista do Casino, propôs um aumento de capital de € 1,1 bilhão, o que o colocaria no controle do grupo. Hoje, o Casino tem € 6,4 bilhões em dívida, sendo que € 3 bilhões deles vencem em 2025. Essa opção ganhou ainda mais força recentemente com o fim das negociações entre o Casino e a rede de lojas Teract e a detenção de Jean-Charles Naouri para depor em investigações de suposta manipulação de mercado.
Niel, Pigasse e Zouari entrariam na proposta de reforço com € 200 milhões a € 300 milhões. Essa seria acompanhada, na medida do necessário, por uma adaptação da dívida existente do Casino. Já o grupo Fimalac faria um investimento de € 150 milhões.
Por que tudo isso pode afetar Assaí e GPA?
O Casino já foi o controlador das duas empresas. Hoje, o grupo francês detém 40,9% do GPA e 11,7% do capital social do Assaí. Uma possível saída de Naouri para levantar recursos seria vender parte de seus ativos aqui no Brasil, como já aconteceu recentemente no Assaí. Separada do GPA, a rede de atacarejos estreou na bolsa em março de 2021.
Desde então, o grupo francês foi também reduzindo sua fatia no Assaí. O último follow on da empresa, em março deste ano, levantou R$ 4,01 bilhões, com grande parte dos recursos ficando com os franceses que venderam grande parte de seus papéis: eles detinham pouco mais de 30% do capital social.
"Naquela ocasião, a intenção do grupo de vender uma fatia de suas ações pegou o conselho de surpresa", conta uma pessoa familiarizada com o negócio à EXAME Invest. Por isso, diz, não seria inimaginável que o grupo buscasse fazer uma nova oferta de papéis. Notícias do mercado dão conta de que os bancos que assessoram o Casino já estariam sondando investidores para um block trade (um grande leilão de ações) dos 11,7% detidos pelo grupo no Assaí.
Essa possibilidade poderia ser uma oportunidade para outros acionistas como a gestora Orbis, com 5,9% do capital social da empresa, para melhorar o preço médio de investimento no Assaí. Desde a estreia da empresa na bolsa, a ação caiu 5,47%.
Questionado pela EXAME sobre a possibilidade de venda de ações do Assaí e do GPA, o Casino informou que não iria comentar.