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"Caiu por terra a ilusão de disciplina do governo", diz Verde

Antes otimista com o país, gestora reduz investimentos na bolsa brasileira e zera aposta favorável à queda dos juros futuros; no EUA, a Verde vê mercado excessivamente pessimista com a inflação e otimista com crescimento

Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset (Germano Lüders/Exame)

Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset (Germano Lüders/Exame)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 13 de maio de 2024 às 18h28.

Última atualização em 13 de maio de 2024 às 18h36.

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A Verde Asset, uma das gestoras mais influentes do mercado brasileiro, afirmou em carta a investidores que sua visão sobre a economia brasileira piorou significativamente no último mês. Para a Verde, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), que revisou para pior a meta fiscal para os próximos anos, "trouxe sinais bastante preocupantes de que os limites de crescimento real dos gastos desenhados pelo arcabouço são fictícios". A carta também afirma que o projeto de volta do DPVAT  "mostrou quão fácil é retirar gastos do arcabouço fiscal, mostrando que não há qualquer disciplina do lado do gasto no governo."

"Caiu por terra qualquer ilusão de que o governo perseguiria alguma, por menor que fosse, disciplina", afirma a Verde. A gestora ainda acrescenta que, embora "muito justa" a ajuda para o Rio Grande do Sul "renova a incerteza fiscal, pois já vimos o sistema político brasileiro abusar das boas intenções para gastar desenfreadamente".

A visão mais pessimista para o Brasil contrasta com o otimismo demonstrado meses atrás pelo gestor e sócio-fundador da Verde, Luis Stuhlberger. Ele, inclusive, chegou a afirmar no início do ano que o Brasil estaria bem enquanto o presidente Luís Inácio Lula da Silva fosse o chefe de Estado e o ministro Fernando Haddad, de governo. Em março, disse que o país estaria em um caminho melhor.

A piora de perspectiva foi acompanhada de uma revisão no posicionamento do principal fundo da casa, que reduziu sua participação em bolsa brasileira para 10%. O fundo também zerou a posição aplicada na curva prefixada, deixando de apostar numa eventual queda dos juros futuros.

"O mercado brasileiro em abril teve de enfrentar a volatilidade vinda do externo, acrescida de uma dose cavalar de volatilidade gerada localmente", diz a carta.

Exterior

O fundo Verde manteve inalteradas as posições em bolsa, mesmo com a queda de índices de Wall Street diante da expectativa de que o Federal Reserve (Fed) não corte os juros tão cedo. Segundo a gestora, o mercado está pessimista demais com a inflação e excessivamente otimista com a resiliência da atividade americana — condições que dificultam o início da queda de juros nos Estados Unidos.

"Nos parece que da mesma maneira que os mercados exageraram no 'higher forever' em outubro, e logo em seguida empurraram demais o pêndulo na direção da 'inflação está vencida' em novembro e dezembro, agora nos parece que voltamos para o outro extremo", afirma a Verde.

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