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Financeiras salvam Ibovespa de perdas, após quase bater 100 mil pontos

Índice chega a bater 99.917 pontos, mas perde força com piora do mercado internacional; C&A dispara com possibilidade de venda de operações no Brasil

Bolsa: Ibovespa sobe 0,35% e encerra em 98.657.65 pontos (Germano Lüders/Exame)

Bolsa: Ibovespa sobe 0,35% e encerra em 98.657.65 pontos (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 19 de outubro de 2020 às 10h30.

Última atualização em 19 de outubro de 2020 às 18h03.

Em pregão de alta volatilidade, marcado pelo vencimento de opções, o Ibovespa subiu 0,35% nesta segunda-feira, 19, e encerrou em 98.657,65 pontos. Embora tenha fechado em alta, o sentimento que ficou foi de "quero mais". Isso porque até o início da tarde ainda haviam esperanças de que o principal índice da B3 superasse os 100.000 pontos. Na máxima intradia, registrada próxima ao meio dia, o Ibovespa chegou a ficar menos de 100 pontos da marca.

A piora do mercado brasileiro coincidiu com a queda das bolsas americanas, que iniciaram o dia em tom positivo, mas perderam força conforme diminuiram as esperanças sobre um acordo sobre um pacote de estímulo antes das eleições americanas. Por lá, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, que deu até amanhã para que um acerto fosse selado voltou a se conversar com o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, mas não houve novidades sobre o tema. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 caiu 1,62% e o Nasdaq, 1,65%.

Para Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus, essa alta volatilidade já era esperada. "Nesses dias, tem toda a intenção de quem está posicionado em opções de levar as cotações para seus lados. Há uma espécie de manipulação dos preços por grandes players. Depois que encerra o vencimento e o pessoal já fez o que tinha que fazer, eles acabam se desfazendo das posições", explica Laatus.

No Brasil, o Ibovespa foi salvo pelo bom desempenho das ações da B3 e de empresas ligadas ao setor financeiro. No mercado local também repercutiu-se positivamente as sinalizações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que não serão prorrogados o estado de calamidade pública e o orçamento de guerra.

B3 e financeiras

Com participação de mais de 5% na carteira teórica do Ibovespa, as ações da B3 contribuíram para a alta do índice, subindo 3,31%. Parte do movimento refletiu os dados operacionais de setembro, divulgados após o pregão da última sexta-feira, 16. No mês, a companhia responsável pela bolsa brasileira registrou aumento anual de 70% do volume médio de negociação no mercado de ações (à vista, a termo e opções) para cerca de 28 bilhões de reais.  O volume de negociação também aumentou na frente de taxa de juros em reais (12,9%) e taxa de câmbio (44%). "Mais uma vez, os números da B3 vieram fortes, o que justifica. Na esteira dos dados operacionais da B3, as ações do BTG Pactual (do grupo controlador desta Exame) avançaram 3,73%. No último trimestre, o resultado do banco foi puxado pela área de Investment Banking.

Também com grande peso no Ibovespa, as ações dos grandes bancos também fecharam no campo positivo. Os papéis do Itaú, Bradesco, Banco do BrasilSantander subiram 1,08%, 1,38%, 1,09% e 0,75%, respectivamente. "Essa performance mais sólida vem ocorrendo por questões fiscais positivas, com as últimas declarações do Maia", diz Esteter.

C&A

As ações da varejista de moda C&A avançaram 7,27%, tendo no radar a notícia do Valor que afirma que o controlador da companhia estuda vender as operações no Brasil. “Considerando que já venderam as operações da companhia no México e na China, a notícia deixa clara a intenção da família Brenninkmeijer de permanecer focada na Europa. Eventuais notícias sobre interessados na compra podem mexer com as ações da C%A, já que um novo controlador pode promover mudanças na estratégia da empresa no Brasil”, avaliam analistas da Exame Resarch.

No Ibovespa, ações de outras varejistas de moda figuram entre as maiores altas, Renner e Marisa subindo mais de 3%. "Todas podem ser candidatas a compra das operações. Quando sai uma notícia dessas, outras ações de outras empresas vão atrás. A expectativa é que com uma possível venda da C&A a parte operacional da empresa melhore", afirma Adilson Bonvino, sócio da União Investimentos.

brMalls

Outra ação que apresenta forte valorização no Ibovespa é a da brMalls . Os papéis da administradora de shopping centers se apreciaram 5,43%, após a companhia confirmar que avalia uma fusão com a Ancar. "A companhia possui como estratégia a constante avaliação de oportunidades no setor de shopping centers. Neste sentido, a brMalls e Ancar realizaram estudos preliminares sobre a pertinência da combinação parcial de seus portfólios", afirmou em comunicado ao mercado. A informação havia sido adiantada em coluna de Lauro Jardim no O Globo.

Aéreas

Entre as maiores valorizações do Ibovespa também estão as ações das companhias aéreas GOL e Azul, com respectivas altas de 4,51% e 4,04%. Correlacionadas com as áreas, as ações da agência de turismo CVC sobem 3,11%. "Há a expectativa de retomada das viagens e aumento de pacotes de turismo. O mercado já está se posicionando em, cima dessa possibilidade", afirma Bonvino.

China

Os dados econômicos da China voltaram a surpreender positivamente o mercado financeiro, reforçando a percepção de uma recuperação forte do país asiático. Ainda que o PIB do terceiro trimestre tenha crescido menos que o esperado (alta anual de 4,9% ante expectativa de 5,2%), os dados de setembro vieram fortes. A produção industrial, que tem sido um dos principais pilares da recuperação chinesa, teve alta de 6,9% na comparação anual contra o crescimento de 5,8% esperado. As vendas do varejo chinês também vieram acima das estimativas, com crescimento de 3,3% em relação ao mesmo período do ano passado, confirmando o segundo mês seguido de alta anual do indicador. Nos primeiros meses da pandemia, o varejo vinha sendo o calcanhar de Aquiles da economia chinesa, que optou por estímulos por meio de projetos de infraestrutura.

“Por mais que o PIB tenha ficado abaixo do esperado, não dá pra ver [os números] como negativos. A China é o único país que segue crescendo. Além disso, os dados de produção industrial e de vendas do varejo superaram as estimativas”, comenta Laatus.

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