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Brasil pode adiar emissão soberana externa, dizem fontes

Tesouro não descarta adiar a colocação dos papéis para depois de março se uma janela de oportunidade não se abrir até lá


	Tropas na Ucrânia: preocupação é com o atual nível de estresse nos mercados financeiros com a crise que opõe Estados Unidos e União Europeia da Rússia em torno do futuro da Ucrânia
 (Baz Ratner/Reuters)

Tropas na Ucrânia: preocupação é com o atual nível de estresse nos mercados financeiros com a crise que opõe Estados Unidos e União Europeia da Rússia em torno do futuro da Ucrânia (Baz Ratner/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2014 às 14h20.

São Paulo - O Tesouro Nacional aguarda a evolução do cenário internacional para decidir se fará nova emissão externa, provavelmente em euros, e não descarta adiar a colocação dos papéis para depois de março se uma janela de oportunidade não se abrir até lá, afirmaram à Reuters duas fontes do governo com conhecimento sobre o assunto.

A preocupação é com o atual nível de estresse nos mercados financeiros com a crise que opõe Estados Unidos e União Europeia da Rússia em torno do futuro da Ucrânia. O nível de angústia tem feito investidores buscarem amparo em ativos mais seguros, como títulos da dívida norte-americana.

"Ainda não temos uma data definida. Pode ser até o final de março se houver janela. Se não, fica para depois", afirmou uma das fontes.

O rendimento do papel referencial da dívida brasileira, o Global com vencimento em 2023, chegou a atingir 4,1086 por cento na mínima de março, no dia 5, e saltou a 4,3444 por cento no dia 12. Nesta sexta-feira, eram negociados em torno de 4,24 por cento.

O secretário do Tesouro, Arno Augustin, havia dito no fim do mês passado que o lançamento dos papéis poderiam ocorrer ainda no primeiro trimestre do ano, provavelmente em títulos denominados em euro.

A outra fonte do governo consultada afirmou acreditar que a próxima semana será complicada para a emissão devido ao aumento das tensões na cena externa, diante da possibilidade de a região da Crimeia realizar referendo sobre se separar da Ucrânia e ser anexada pela Rússia.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse na quinta-feira que, se houver referendo, haverá "medidas graves", o que azedou o clima dos mercados.


"Vamos aguardar os desenvolvimentos para saber se vai ter espaço para fazer o lançamento dos papéis", afirmou a fonte. As duas autoridades disseram haver a possibilidade de o Brasil não conseguir emitir os papéis de dívida externa ainda neste mês.

Investidores que participaram de um recente "roadshow" promovido pelo governo na Europa em parceria com os bancos BB Securities, JP Morgan e Santander, pediram que seja lançado um papel em euro de 10 anos, segundo fonte do mercado que participou do evento.

Esse "roadshow" não foi realizado especificamente para essa nova emissão, mas sim para testar o apetite dos investidores em relação ao Brasil. Mas, de acordo com as duas autoridades do governo, não estão definidos os prazos dos papéis que serão emitidos pelo Tesouro.

A última vez que o governo emitiu títulos em euros foi em janeiro de 2006, quando foram vendidos 300 milhões de euros com vencimento em fevereiro de 2015.

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