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Bradesco entrega o combinado, mas mercado esperava mais

Lucro vem em linha, mas ações caem mais de 3%; CEO Marcelo Noronha diz que, apesar dos avanços, “não vai está satisfeito” com rentabilidade

Marcelo Noronha, CEO do Bradesco: "Esperamos retornos melhores trimestre a trimestre" (Egberto Nogueira/Divulgação)
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 31 de outubro de 2024 às 12h37.

O Bradesco está perto de completar um ano sob a gestão de Marcelo Noronha, que assumiu o banco em novembro de 2023 com o desafio de colocar a empresa nos trilhos . De lá para cá, o lema “step by step” virou mantra do CEO para mostrar ao mercado que a recuperação virá, sim – mas de forma gradual.

Foi reforçando o “passo a passo” que Noronha abriu a coletiva com jornalistas para comentar os resultados apresentados nesta quinta-feira, 31. “A gente vem entregando com consistência [o que foi estimado]. Esperamos retornos melhores trimestre a trimestre”, disse.

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Mas, se no segundo trimestre, o ritmo de melhora convenceu o mercado, o último balanço não animou tanto. O Bradescoteve um lucro líquido recorrente de R$ 5,225 bilhões no terceiro trimestre, praticamente em linha com as expectativas dos analistas.

A última linha do balanço ficou acima dos R$ 5 bilhões estimados pela Bloomberg, mas praticamente em linha com os números do buy side estavam otimistas, girando em R$ 5,3 bilhões.

"O mercado comprou a tese de recuperação, mas de certa forma, ainda está cético, querendo ver um sinal forte de que o banco está no caminho certo", afirma um gestor. O descompasso explica a queda de 3% nas ações por volta de 12h, com os papéis figurando entre as maiores baixas do Ibovespa hoje.

“Talvez o mercado tivesse na cabeça uma velocidade de melhora maior, mas a tese de longo prazo de melhora da rentabilidade até 2026 está totalmente dentro do esperado”, comentou outro gestor comprado no papel. "Você não move um transatlântico rapidamente."

Em termos de rentabilidade, o indicador observado com lupa é o retorno sobre patrimônio líquido (ROE) . Antes da explosão da inadimplência que maculou os resultados do banco a partir de 2022, o ROE do Bradesco estava na casa dos 20%, em linha com os grandes pares do mercado. No ponto mais baixo, o indicador caiu para 3,9% no quarto trimestre de 2022, refletindo ainda o efeito Americanas.

Este ano o Bradesco retomou o patamar de 10% de ROE e entregou rentabilidade de 12,4% no terceiro trimestre. O cenário macroeconômico, no entanto, gera preocupação especialmente pela tendência de alta da taxa básica de juros, a Selic.

“As perspectivas mais desafiadoras para o crescimento da margem financeira – considerando a Selic mais alta e a diminuição dos spreads de empréstimos – podem desapontar aqueles que esperavam uma recuperação mais rápida do ROE”, avaliaram, em relatório, os analistas do BTG.

Noronha não passou um guidance sobre a evolução do ROE. “Desde o começo falamos que iríamos caminhar para retornos maiores, sem promessas específicas de chegar a um determinado patamar”, reforçou. Apesar do avanço, o executivo reconhece que o caminho é longo: “Nunca vou estar satisfeito com os resultados se estamos com essa faixa de ROE”.

Crédito, inadimplência e cenário macroeconômico

Questionado sobre o impacto da alta da Selic na inadimplência do Bradesco, o CEO disse não estar preocupado. “Já estamos trabalhando em cima de um cenário onde a pessoa física está mais estressada em termos de crédito. Não estamos mais capturando [esse tipo de cliente]”, afirmou.

A fatia de pessoas físicas foi a faixa que mais cresceu na carteira de crédito do Bradesco: alta de 10% em base anual. O crescimento, no entanto, é pautado em linhas mais seguras, como opções de garantias e tíquetes mais altos.

Na avaliação do Goldman Sachs, a consistência de melhora no crédito pode auxiliar a percepção dos investidores sobre as ações. "Embora os resultados tenham estado relativamente alinhados ou ligeiramente abaixo do consenso, o Bradesco está adotando uma abordagem disciplinada na originação de crédito que pode ser bem recebida pelos investidores."

A carteira de crédito expandida do banco chegou aos R$ 943,9 bilhões, alta de 7,6% em 12 meses e de 3,5% na comparação com o trimestre passado.

Por sua vez, o índice de inadimplência acima de 90 dias caiu para 4,2% – melhora de 1,4 p.p. na comparação anual e de 0,1 p.p. na trimestral.

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