Bovespa tem a maior saída de estrangeiros desde 2008
Investidores tiraram R$ 3,085 bilhões da bolsa no mês de maio, até o dia 21
Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2012 às 12h00.
São Paulo - Os investidores estrangeiros já retiraram R$ 3,085 bilhões da Bovespa no mês de maio, até o dia 21. O valor mensal até o momento só é inferior ao registrado em outubro de 2008, em plena crise financeira internacional, quando os saques somaram R$ 4,685 bilhões. "É um número expressivo e um sinal claro de que o investidor internacional não quer manter uma posição de risco em um momento de incertezas", disse o analista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, lembrando que outubro de 2008 foi o auge da crise financeira mundial, após a quebra do Lehman Brothers, um mês antes.
Além dos problemas atuais na Europa, as dúvidas em relação ao desempenho das economias nos Estados Unidos e na China, e mesmo no Brasil, trazem mais cautela ao mercado. "As ações intervencionistas do governo brasileiro forçando a queda dos juros, o que prejudicou o desempenho das ações dos bancos, também acabam afastando os investidores", diz Campos Neto.
Além da piora no cenário internacional, nas últimas semanas alguns bancos estrangeiros fizeram críticas ao modelo de crescimento da economia brasileira, questionando se seria sustentável no curto prazo, e censuraram a política do governo, de pressão para a redução dos spreads dos bancos, como lembra o analista da Leme Investimentos João Pedro Brugger. "Acho um pouco exagerado, e não dá para acreditar que esse sentimento de piora venha apenas dessas avaliações negativas quanto ao cenário do País", diz.
Com a atual conjuntura mundial não há perspectiva de alteração neste fluxo de capital externo, na avaliação de Campos. "São fatores que não tendem a se dissipar tão cedo", afirma.
Na visão de Brugger, no curto prazo o movimento de saída dos estrangeiros da Bovespa deve continuar, mas haverá uma volta para o mercado brasileiro no médio e longo prazo, "até porque há ações baratas e com a alta do dólar a Bolsa do País ficou mais atraente ainda", diz, estimando que este retorno se dê mais para o final deste ano.
O diretor da Título Corretora, Márcio Cardoso, concorda que não há fundamentos para uma reversão deste fluxo no curto prazo. "Com os ativos cedendo nesta velocidade, não há perspectivas de mudança", diz.
Movimento diário
Só no dia 21, os saques dos investidores estrangeiros da Bovespa chegou a R$ 542,672 milhões. Naquele pregão, o Ibovespa fechou em alta de 3,81%, aos 56.590 pontos. O volume financeiro foi de R$ 10,541 bilhões, inflado pelo exercício de opções sobre ações.
Em maio, esses investidores compraram de R$ 42,225 bilhões e venderam R$ 45,310 bilhões na Bovespa. Com o resultado da segunda-feira, o superávit de recursos estrangeiros na Bovespa no ano, que chegou a R$ 8,9 bilhões no início de 2012, caiu para R$ 2,168 bilhões.
São Paulo - Os investidores estrangeiros já retiraram R$ 3,085 bilhões da Bovespa no mês de maio, até o dia 21. O valor mensal até o momento só é inferior ao registrado em outubro de 2008, em plena crise financeira internacional, quando os saques somaram R$ 4,685 bilhões. "É um número expressivo e um sinal claro de que o investidor internacional não quer manter uma posição de risco em um momento de incertezas", disse o analista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, lembrando que outubro de 2008 foi o auge da crise financeira mundial, após a quebra do Lehman Brothers, um mês antes.
Além dos problemas atuais na Europa, as dúvidas em relação ao desempenho das economias nos Estados Unidos e na China, e mesmo no Brasil, trazem mais cautela ao mercado. "As ações intervencionistas do governo brasileiro forçando a queda dos juros, o que prejudicou o desempenho das ações dos bancos, também acabam afastando os investidores", diz Campos Neto.
Além da piora no cenário internacional, nas últimas semanas alguns bancos estrangeiros fizeram críticas ao modelo de crescimento da economia brasileira, questionando se seria sustentável no curto prazo, e censuraram a política do governo, de pressão para a redução dos spreads dos bancos, como lembra o analista da Leme Investimentos João Pedro Brugger. "Acho um pouco exagerado, e não dá para acreditar que esse sentimento de piora venha apenas dessas avaliações negativas quanto ao cenário do País", diz.
Com a atual conjuntura mundial não há perspectiva de alteração neste fluxo de capital externo, na avaliação de Campos. "São fatores que não tendem a se dissipar tão cedo", afirma.
Na visão de Brugger, no curto prazo o movimento de saída dos estrangeiros da Bovespa deve continuar, mas haverá uma volta para o mercado brasileiro no médio e longo prazo, "até porque há ações baratas e com a alta do dólar a Bolsa do País ficou mais atraente ainda", diz, estimando que este retorno se dê mais para o final deste ano.
O diretor da Título Corretora, Márcio Cardoso, concorda que não há fundamentos para uma reversão deste fluxo no curto prazo. "Com os ativos cedendo nesta velocidade, não há perspectivas de mudança", diz.
Movimento diário
Só no dia 21, os saques dos investidores estrangeiros da Bovespa chegou a R$ 542,672 milhões. Naquele pregão, o Ibovespa fechou em alta de 3,81%, aos 56.590 pontos. O volume financeiro foi de R$ 10,541 bilhões, inflado pelo exercício de opções sobre ações.
Em maio, esses investidores compraram de R$ 42,225 bilhões e venderam R$ 45,310 bilhões na Bovespa. Com o resultado da segunda-feira, o superávit de recursos estrangeiros na Bovespa no ano, que chegou a R$ 8,9 bilhões no início de 2012, caiu para R$ 2,168 bilhões.