Bovespa renova mínima desde março, puxada por Petrobras
A Bovespa fechou em queda pelo 3º dia consecutivo, com Ibovespa abaixo dos 50 mil pontos, puxada pela queda dos papéis da Petrobras
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 17h51.
São Paulo - A Bovespa fechou em queda nesta quarta-feira pelo terceiro dia consecutivo, com o Ibovespa renovando mínima desde março, abaixo dos 50 mil pontos.
A queda dos papéis da Petrobras exerceram forte pressão negativa no índice, em meio à queda acentuada do petróleo e à apreensão de investidores quanto a potenciais desdobramentos de ações judiciais contra a empresa nos Estados Unidos.
O quadro desfavorável no exterior também abriu espaço para realização de lucros em ações com relevante peso no índice, como as dos bancos Itaú e Bradesco, que acumulam valorização próxima de 30 por cento no ano em 2014.
O recuo de Vale também pesou, com preço do minério de ferro negociado na China aproximando-se do piso em mais de cinco anos, enquanto dados de inflação chinesa corroboraram o cenário de desaceleração do país.
TIM Participações, por sua vez, disparou no final da sessão e fechou em alta de 11,3 por cento, após reportagem da Bloomberg de que as rivais Oi, a Telefónica, dona da Vivo, e Claro, preparam oferta de 15 bilhões de dólares pela operadora.
Nesse contexto, o Ibovespa fechou em baixa de 1,29 por cento, a 49.548 pontos, no menor patamar de fechamento desde 26 de março. O giro financeiro do pregão somou 5,5 bilhões de reais.
No mês, o índice acumula perda de 9,46 por cento. "A pressão em commodities está bem visível no mercado local, com Petrobras e Vale liderando as quedas, a despeito dos patamares já deprimidos", observou o operador Thiago Montenegro, da Quantitas Asset Management.
No ano, as preferenciais da Petrobras e da Vale acumulam perda de 33 a 44 por cento, respectivamente. "A nova equipe econômica ainda está lenta em mobilizar a confiança dos agentes, mas acho que o que está sendo preponderante é o cenário de excesso de oferta de commodities para os próximos anos e o quanto as grandes empresas brasileiras estão no contrapé do ciclo", avaliou.
Em Wall Sreet, a queda das ações do setor de energia pressionavam os principais índices acionários, preços do petróleo voltavam a atingir a mínima em cinco anos. O S&P 500 caía 1,35 por cento, enquanto o contrato de petróleo nos EUA encerrou em baixa de 4,5 por cento, a 60,94 dólares o barril.
O petróleo foi pressionado, entre outros fatores, pela previsão da Opep de menor demanda para a commodity em 2015. Nesse ambiente, as ações da Petrobras renovaram os menores níveis desde 2005, com as preferenciais caindo 4,7 por cento, a 10,83 reais, e as ordinárias recuando 4,17 por cento, a poucos dias da divulgação do balanço não auditado do terceiro trimestre na sexta-feira.
No front corporativo, Cemig caiu 3,3 por cento, após a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Assusete Magalhães pedir vista no processo que analisa a prorrogação da concessão da hidrelétrica Jaguara por mais 20 anos.
ALL fechou em alta de 1 por cento após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgar parecer contra a união da transportadora ferroviária e da Rumo Logística, do grupo de infraestrutura e energia Cosan.
Para a equipe da corretora Brasil Plural, o acordo será aprovado com restrições, que poderiam dar maior transparência sobre preços, tarifas e volumes movimentados por tipo de carga, com o cenário mais negativo contemplando exigência de garantias pelo Cade de capacidade para determinados setores.
Em nota a clientes, o BTG Pactual citou como positivo para a ALL a notícia de que a Conab elevou em 5,8 por cento a previsão da safra de soja do Brasil 2014/15, para um recorde de 95,8 milhões de toneladas.
Fora do Ibovespa, Eneva caiu 33,8 por cento após a empresa de energia elétrica controlada pela alemã E.ON entrar com pedido de recuperação judicial porque não conseguiu renovar acordo com bancos credores.
Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.
No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.
A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.