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Bovespa abre na defensiva, mas tenta anular perdas

O noticiário corporativo está centralizado na transferência de controle no Grupo Pão de Açúcar, que deve acontecer durante o pregão de hoje

Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)

Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 10h43.

São Paulo - A queda de quase 3% do pregão desta quinta-feira deixou a Bovespa no vermelho na semana e só uma recuperação de pelo menos 1% nesta sexta-feira é capaz de dar sequência aos ganhos semanais pela terceira vez seguida. Porém, a agenda esvaziada de indicadores nos EUA e um novo encontro de líderes europeus contribuem para um comportamento defensivo dos investidores, abalados após o rebaixamento promovido pela Moody's nos ratings dos maiores bancos do mundo. Por volta das 10h05, o Ibovespa subia 0,38%, aos 55.716,44 pontos, na máxima após abertura.

"A questão é saber se a Bolsa vai conseguir encontrar um ponto de apoio ou cair ainda mais antes do fim de semana", comenta um operador da mesa de renda variável, lembrando que ontem o índice à vista voltou à casa dos 55 mil pontos, "com uma tacada só". Até por isso, ele acredita que parte dos "exageros" de ontem sejam ajustados hoje.

O sócio da Órama Investimentos, Álvaro Bandeira, avalia que agora a Bolsa terá de formar um novo fundo e superar a faixa de 57 mil pontos para ganhar espaço rumo a novas altas. "Isso só acontecerá se acompanhado de volume financeiro crescente e medidas para a zona do euro", comenta, em relatório publicado nesta manhã.

Porém, os mercados financeiros estão encerrando mais uma semana sem que as autoridades europeias tenham tomado alguma medida mais concreta para sanar a grave crise das dívidas soberanas, que começa a espalhar seus tentáculos por todo o mundo. "O mundo está literalmente congelado para atitudes", comenta Bandeira.

Os ministros de Finanças da União Europeia (UE) voltam a se reunir em Luxemburgo nesta sexta-feira, antecedendo o encontro de cúpula dos líderes dos 27 países do bloco, que acontece na semana que vem. Em Roma, o chefes de Estado da Itália (Mario Monti), Alemanha (Angela Merkel), França (François Hollande) e Espanha (Mariano Rajoy) reúnem-se, a partir das 9h. Ao fim do encontro, deve haver uma entrevista coletiva à imprensa.

De lá, Merkel segue para Gdansk, na Polônia, para assistir à partida entre Alemanha e Grécia pela quartas de final da Eurocopa. O chamado "jogo da dívida" está carregado de simbologia política e, se eliminarem os alemães, buscando repetir a conquista do título em 2004, os gregos voltam para Atenas como heróis, com a honra lavada - pelo menos no futebol.

E enquanto as medidas efetivas tardam, as agências de classificação de risco vão fazendo seus estragos. Ontem, após o fechamento dos mercados internacionais, a Moody's anunciou o corte das notas de 15 dos maiores bancos do mundo, incluindo instituições europeias e norte-americanas, que teriam forte exposição à volatilidade e riscos de perdas no mercado de capitais.


O rebaixamento foi dividido em três grupos. No grupo mais brando, ficaram instituições como HSBC, Royal Bank of Canada e JP Morgan. No intermediário, figuraram Barclays, BNP, Credit Suisse e Deutsche Bank. No terceiro, constam Bank of America Merrill Lynch, Citigroup, Morgan Stanley e RBS.

Nos EUA, a agenda econômica não prevê a divulgação de nenhum dado, eventos ou balanços financeiros. Ainda assim, no horário acima, o futuro do S&P 500 subia 0,51%, sinalizando uma recuperação em Wall Street, um dia após ver os principais índices acionários registrarem a segunda maior queda em pontos do ano. O petróleo negociado em Nova York, que ontem caiu abaixo de US$ 80 o barril e fechou no menor nível desde outubro, também ensaia uma recomposição das perdas.

O noticiário corporativo doméstico, por sua vez, está repleto de eventos importantes. A começar pela transferência de controle no Grupo Pão de Açúcar (GPA). A partir desta sexta-feira, o francês Casino, sócio de Abilio Diniz na Wilkes, será controlador do GPA, em um processo que teve episódios controversos, como a tentativa do empresário brasileiro de se fundir ao concorrente do francês, Carrefour.

Apesar de continuar como presidente do conselho do Grupo, a grande dúvida passa a ser o destino de Abilio depois que o Casino assumir o controle da rede. Embora com menos poder do que antes, pessoas ligadas a ele dizem que o empresário vai exercer o papel de "acionista minoritário exigente, que acompanha tudo no detalhe".

Também nesta sexta-feira, a TAM tenta realizar novamente sua oferta pública de permuta de ações (OPA) pelos BDRs da chilena LAN. O processo faz parte da fusão entre as duas empresas para a criação da Latam, e que não obteve o mínimo necessário de adesão na semana passada, que seria de 95%, para fechar o capital da companhia aérea brasileira.

Ainda na Bolsa, o investidor também fica de olho na estreia das ações da Vigor, após a OPA para permuta de papéis da JBS por ações ON da emissão da empresa de lácteos, realizada ontem. A operação inflou o volume financeiro negociado na sessão passada, em R$ 1,879 bilhão.

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