Bolsa tem recorde atrás de recorde, mas está longe da máxima real
Se for considera inflação, o recorde da Bolsa seria próximo dos 130 mil pontos
Rita Azevedo
Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 09h42.
Última atualização em 18 de janeiro de 2018 às 14h27.
São Paulo -- O Ibovespa tem alcançado recordes atrás de recordes. Ontem, o principal índice da Bolsa chegou aos 81.189 pontos -- a maior alta nominal registrada em seus 50 anos.
Em termos reais, no entanto, o Ibovespa está bem longe de sua máxima. Isso porque a pontuação considera o valor das empresas que compõem o índice. Tal valor é apurado em reais, mas não desconta a inflação.
"Se for considerada a inflação entre o último pico do Ibovespa, que foi em 2008, e agora, ela chega a 72%", explica o economista Fernando Marcondes, planejador patrimonial do Grupo GGR.
Para o cálculo, Marcondes usou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do período. "Se a inflação for descontada, o recorde da Bolsa seria próximo dos 130 mil pontos", afirmou o economista,
Bolha?
A sequência de altas do índice fez alguns investidores questionarem se o mercado brasileiro estaria vivendo uma nova bolha.
No ano, a Bolsa já acumula alta de 6,27%. Dos 12 pregões realizados em 2018, apenas três terminaram em baixa.
Para Michel Viriato, coordenador do Centro de Finanças do Insper, por mais que o mercado reconheça as dificuldades que o País enfrentará este ano, os recordes estão longe de ser injustificados.
“Não é uma bolha, está longe disso. Se fala em bolha quando a alta não é sustentável ou não se justifica. Não é esse o caso”, disse em entrevista à Agência Estado.
"As pessoas dizem que o investidor brasileiro está eufórico, mas é o mundo que está eufórico. O Brasil não está subindo muito mais que as Bolsas americanas. O mundo, em geral, está com baixa inflação, juros controlados, crescimento sustentável e lucros crescentes. O humor é justificado, mas isso não significa que o dever de casa não precisa mais ser feito. A Bolsa brasileira poderia ter atingido esse patamar de 81 mil pontos muito antes, se as reformas tributárias e da Previdência tivessem avançado", afirmou Viriato.
"A alta lá fora se justifica porque o lucro das empresas surpreendeu o mercado. Também teve uma reforma tributária nos Estados Unidos, queajuda e não há um medo forte de que o Banco Central americano suba juros", disse.
Com Estadão Conteúdo.