Bolsa se volta aos balanços: CSN não deve trazer otimismo
Após um primeiro semestre estelar, siderúrgica deve anunciar queda de 30% no resultado operacional do terceiro trimestre, segundo analistas
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2019 às 06h35.
Última atualização em 23 de outubro de 2019 às 06h49.
Um dia após a aprovação da reforma da Previdência em segundo turno no Senado, é hora de investidores e analistas se concentraram na temporada de balanços, que começa nesta quarta-feira. A força dos resultados financeiros pode ajudar a impulsionar a bolsa brasileira a novos recordes, para além dos 107 mil pontos alcançados ontem. Ou não.
Hoje é dia da fabricante de motores Weg, da locadora de automóveis Localiza e da indústria química Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) divulgarem seus resultados. Para a CSN, o dia pode consolidar o arrefecimento de uma maré de otimismo — depois de dobrar no primeiro semestre, o valor de mercado da companhia caiu 25%, para 19 bilhões de reais.
Diante da acomodação dos preços do minério de ferro – que até junho sustentou a forte alta de receita das mineradoras – a empresa, que divulga seus resultados referentes ao terceiro trimestre nesta quarta-feira, 23, deve apresentar números modestos.
Segundo projeções de analistas, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no terceiro trimestre deve somar 1,77 bilhão de reais, queda em torno de 30% sobre o período imediatamente anterior. Na comparação anual, porém, o conglomerado de Benjamin Steinbruch ainda deve obter um avanço de 10% do indicador.
Desde o início do ano, a CSN vem se beneficiando da alta expressiva dos preços do minério de ferro. A companhia é a segunda maior exportadora do insumo no Brasil, atrás apenas da Vale, com sua operação na mina Casa de Pedra, em Minas Gerais, e se beneficiou, entre outros fatores, da instabilidade gerada pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro.
No entanto, com a atividade siderúrgica ainda patinando, as perspectivas para o segundo semestre são bem mais frágeis para a empresa, uma vez que o mercado projeta menos saltos para o minério de ferro. Ou seja, a CSN deve depender mais da receita proveniente do aço.
Em meados de junho deste ano, a companhia realizou uma parada programada em um de seus fornos em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, o que a obrigou a comprar aço de terceiros. O movimento contribuiu para a CSN elevar o seu custo de produção no período, o que pode vir refletido em seu balanço do terceiro trimestre.
A expectativa de analistas é que a CSN, assim como suas concorrentes Gerdau e Usiminas, só experimente um ponto de inflexão no segmento de aço a partir de 2020, uma vez que a demanda não decola. De janeiro a setembro, as vendas de aço no país recuaram 2% no mercado interno, segundo o Instituto Aço Brasil. A claudicante recuperação da economia doméstica deve ficar patente no balanço de hoje da siderúrgica. A ver nos próximos dias, se os balanços mostram um cenário mais positivo para o terceiro trimestre brasileiro.