Gilson Finkelsztain: CEO da B3 mencionou que fatores como a queda do juro básico para mínimas históricas no país tem levado muitos investidores nacionais a buscar ativos de maior risco (Victor Moriyama/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 4 de agosto de 2020 às 20h05.
Última atualização em 4 de agosto de 2020 às 20h23.
O presidente executivo da B3 disse nesta terça-feira entender que não há exagero na alta das ações brasileiras ocorrida nos últimos meses, mesmo com a forte recessão que deve vir como consequência da pandemia do coronavírus.
"Muita gente pergunta se estamos tendo uma bolha", disse Gilson Finkelsztain durante entrevista online feita pela Febraban, entidade que representa os grandes bancos. "Não vejo os preços de ativos no Brasil refletindo uma irracionalidade."
O executivo citou que muitas empresas cujas ações estão hoje com níveis até superiores aos de antes da crise, em meados de março, são de setores que de algum modo até se beneficiaram do atual cenário, como o comércio eletrônico.
Após ter chegado a cair cerca de 45% em meados de março, diante da emergência da pandemia, o Ibovespa subiu por quatro meses seguidos, reduzindo a queda no acumulado em 2020 para pouco mais de 10%.
Finkelsztain mencionou que fatores como a queda do juro básico para mínimas históricas no país tem levado muitos investidores nacionais a buscar ativos de maior risco em busca de maiores rentabilidades.
Como consequência, além da recuperação dos preços das ações já listadas, muitas empresas que haviam suspendido o processo de estreia no mercado por causa da crise estão retomando os planos.
"Praticamente todas retomaram seus processos de listagem", disse Finkelsztain. "E o mercado tem absorvido bastante bem."
No entanto, o executivo disse ser cético quanto à manutenção desse ritmo de recuperação do mercado após um esvaziamento da crise quando surgir uma vacina para a covid-19.
"Quando a vacina sair, as coisas vão voltar a uma certa normalidade", afirmou. "Alguns setores vão se destacar, como aqueles ligados à tecnologia."