Bolsa fecha em alta de mais de 1% com reação de Vale e Fed "paciente"
Ibovespa subiu 1,42% após disparada nas ações da Vale depois que mineradora anunciou plano de ação para tragédia em Brumadinho (MG)
Reuters
Publicado em 30 de janeiro de 2019 às 18h20.
Última atualização em 30 de janeiro de 2019 às 18h39.
O Ibovespa fechou em alta de mais de 1 por cento nesta quarta-feira, apoiado na disparada das ações da Vale, após a mineradora anunciar um plano de ação na esteira da tragédia em Brumadinho, em movimento endossado pela sinalização do banco central norte-americano de que será paciente com novas altas de juros.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,35 por cento, a 96.996,21 pontos, de acordo com dados preliminares, tendo alcançado 97.106,68 pontos no melhor momento da sessão. O volume financeiro somava 18,65 bilhões de reais.
No fim da tarde, o Federal Reserve manteve os juros norte-americanos na faixa de 2,25 a 2,50 por cento e repetiu o a sinalização moderada em relação ao processo de normalização das condições monetárias nos Estados Unidos.
No Twitter, Mohamed A. El-Erian, consultor econômico chefe na Allianz, afirmou que foi um comunicado notavelmente 'dovish', que traz a noção de paciência em relação às taxas de juros e a disposição de ajustar a redução do balanço.
O chairman Jerome Powell reforçou o discurso em entrevista à imprensa logo depois.
Profissionais do mercado afirmam que a perspectiva de prolongamento do ambiente de elevada liquidez global, em particular o tom 'dovish' do BC norte-americano, tem apoiado ativos de mercados emergentes neste começo de ano, prevalecendo sobre as preocupações com a desaceleração global.
No caso da bolsa paulista, o Ibovespa já acumula em 2019 alta de mais de 10 por cento.
Em Wall Street, o S&P 500 também ganhou fôlego e subia 1,6 por cento perto do fechamento do pregão, com balanços da Apple e da Boeing também repercutindo nos negócios e com nova rodada de negociações
Os EUA e a China também começam nesta quarta-feira nova rodada de discussões comerciais em meio a profundas diferenças sobre as exigências de Washington por reformas econômicas estruturais de Pequim.
Destaques
- VALE saltou 9,03 por cento, com repercussão positiva à resposta da mineradora após a tragédia em MG, que matou pelo menos 99 pessoas e deixou centenas de desaparecidos. A empresa prometeu acabar com as barragens a montante, o mesmo sistema usado na estrutura que se rompeu em Brumadinho na última sexta-feira, e divulgou o efeito na produção, ajudando a mitigar umas das incertezas no mercado. A reação do papel acontece após perda histórica de 24,5 por cento na segunda-feira.
- CSN subiu 3,39 por cento. O BTG Pactual reiterou recomendação de 'compra' para as ações, citando que tiveram uma atualização da administração da empresa sobre o risco das barragens de rejeitos da CSN em Congonhas (MG) e que saíram da conversa na véspera com mensagem tranquilizadora, embora ainda existam riscos regulatórios. Durante o pregão, os papéis chegaram a saltar 10,66 por cento, mas a B3 informou cancelamento de oferta por erro operacional.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON avançaram 0,99 e 1,38 por cento, respectivamente, tendo de pano de fundo a alta dos preços do petróleo no exterior. A empresa também obteve decisão favorável do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em processos fiscais que somam cerca de 11,9 bilhões de reais. A empresa ainda disse que as negociações para venda da refinaria de Pasadena à Chevron estão "em estágio de conclusão".
- SANTANDER BRASIL UNIT caiu 2,04 por cento, após o banco divulgar lucro acima do esperado no quarto trimestre, mas crescimento em provisões para perdas com crédito. O lucro líquido recorrente da unidade brasileira do banco espanhol saltou 23,8 por cento no trimestre, para 3,4 bilhões de reais. Analistas do Itaú BBA avaliaram que o balanço foi ligeiramente negativo, com muitos eventos atípicos.
- ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,63 por cento, BRADESCO PN perdeu 0,23 por cento e BANCO DO BRASIL encerrou com acréscimo de 1,3 por cento.
- CCR e ECORODOVIAS caíram 2,88 e 2,08 por cento, respectivamente, em ajustes após ganhos fortes nos últimos dias em meio a expectativas sobre concessões, principalmente no Estado de São Paulo, cujo governo prometeu renovar as concessões de rodovias paulistas administradas pela iniciativa privada que vencem até o fim de seu mandato.