Bolsa sobe em junho e tem o melhor 1º semestre em 3 anos
Após seguidos recordes, foi também o melhor segundo trimestre em 10 anos.
Tais Laporta
Publicado em 28 de junho de 2019 às 17h35.
Última atualização em 28 de junho de 2019 às 20h09.
Após quebrar seguidos recordes, o principal índice acionário da bolsa paulista terminou o mês de junho no azul e subiu 14,8% no primeiro semestre deste ano – o melhor resultado para o período desde 2016. Amparado pelo otimismo no exterior e pela cena local, o Ibovespa fechou nesta sexta (28) em alta de 0,24%, aos 100.967 pontos.
A última vez que o indicador teve um desempenho tão bom nos seis primeiros meses do ano foi em 2016, quando avançou 18,8%.
No mês de junho, o índice da B3 acumulou alta de 4,05%. No 2º trimestre, o Ibovespa teve omelhor desempenho percentual dos últimos 10 anos. O ganho acumulado desde então no segundo trimestre foi de 25,75%. Em 2019, alcançou 14,88%.
Veja as ações que mais subiram no mês de junho:
- Gol: + 20,83%
- Cyrela: + 19,27%
- MRV: 16,24%
- Iguatemi: 14,88%
- Qualicorp: 14%
Veja as ações que mais caíram no mês de junho:
- Braskem: 18,12%
- Smiles: -11,86%
- Marfrig: -7,91%
- Engie Brasil: -6,15
- Natura: -5,82%
Acordo do Mercosul e cúpula do G20
Nesta tarde, o indicador não alterou o rumo de alta com a notícia de que o Mercosul e a União Europeia (UE) assinaram um acordo de livre comércio nesta sexta-feira. As ações de agronegócios, que seriam as mais impactadas pelo anúncio, mantiveram suas direções.
Com o acordo, produtos agrícolas como suco de laranja, frutas e café solúvel terão suas tarifas eliminadas e exportadores brasileiros terão acesso ampliado por cotas para carnes, açúcar, etanol e outros produtos.
O dia também foi marcado por expectativas para a cúpula do G20 no Japão, notadamente o encontro de sábado entre os líderes de EUA e China, enquanto investidores continuam acompanhando o andamento da reforma da Previdência, com votação prevista para a próxima semana.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse mais cedo esperar negociações produtivas na cúpula do G20 com o presidente chinês, Xi Jinping, sobre a guerra comercial que vem ameaçando o crescimento global, mas afirmou que não fez nenhuma promessa sobre o adiamento das tarifas.
"Enquanto o anúncio de um acordo é muito pouco provável, o mercado já vai se animar com sinalizações positivas das partes.", informou a corretora Coinvalores em nota a clientes. Para analistas da XP, qualquer avanço no sentido de um acordo comercial deverá ter impacto positivo na percepção de risco global.
No Brasil, o foco continuou na tramitação da reforma da Previdência, com nomes relevantes do Congresso e do governo otimistas com o cronograma, em especial a chance de o texto ser votado pelo plenário da Câmara antes do recesso parlamentar, que começa em 18 de julho.
Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro acompanhou o tom mais otimista sobre o andamento do texto. "Como está sendo conversado pelo governo, pelo Congresso Nacional, na semana que vem se vota na comissão especial e, pelo que tudo indica, se aprova o texto que, logo depois, na semana seguinte, já pode ir para plenário e, quem sabe, votar pelo menos em primeiro turno antes do recesso parlamentar", disse.
Dólar: queda acima de 2% em junho
O dólar subiu nesta sexta e na semana, mas fechou o mês em queda de mais de 2%, reflexo tanto da maior confiança na aprovação da reforma da Previdência quanto na expectativa de aumento de liquidez no mundo a partir de cenário de cortes de juros nos Estados Unidos. A moeda fechou m alta de 0,21%, a 3,841 reais. Na semana, a subiu 0,45%.
Em junho, porém, a moeda cedeu 2,13% – primeira e maior queda mensal desde janeiro (-5,57%). Para meses de junho, é a maior baixa desde 2016 (-11,05%). No segundo trimestre, o dólar acumulou depreciação de 1,90%.
Destaques do dia
A ação da estatal de petróleo PETROBRA S subiu em torno de 0,6% nas preferenciais. Seu presidente-executivo dizer que a empresa deverá sair dos segmentos de transporte e distribuição de gás no Brasil, além de anunciar o início do processo de venda de quatro refinarias, como parte de um plano maior de vender oito unidades equivalentes a metade de sua capacidade de refino.
A estatal de energia ELETROBRAS avançou perto de 3%, tendo como pano de fundo a aprovação da reestruturação societária entre as subsidiárias Eletrosul Centrais Elétricas e Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), visando a sinergia operacional, tributária, econômico-financeira e societária.
A mineradora VALE fechou em alta, após o preço do minério de ferro atingir máximas recordes nesta sexta e registrar seu maior ganho trimestral desde o final de 2016.
Após a disparada acima de 10% da véspera, a maior dos últimos 8 anos, a rede varejista GRUPO PÃO DE AÇÚCAR recuou perto de 1%, em movimento de ajuste após o anúncio de um plano de reorganização de ativos pelo seu controlador.
Bolsas europeias: melhor semestre em 20 anos
Um salto nas ações alemãs ajudou os índices acionários europeus a alcançarem seu melhor desempenho no primeiro semestre em mais de duas décadas nesta sexta. Por lá, a continuidade da alta vai depender do resultado das negociações comerciais entre Estados Unidos e China na cúpula do G20, no sábado. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações da Europa, subiu 0,6%, a 1.514 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 ganhou 0,7%, a 385 pontos.