Boa Vista tem demanda de 5 vezes a oferta e movimenta R$ 2,2 bi em IPO
Empresa de análise de crédito vende ações próximo ao topo da faixa indicativa e sinaliza que ainda há apetite de investidores por ofertas iniciais
Marcelo Sakate
Publicado em 29 de setembro de 2020 às 08h10.
Última atualização em 29 de setembro de 2020 às 08h21.
A oferta inicial de ações ( IPO , na sigla em inglês) da empresa de informações crédito Boa Vista Serviços foi precificada a 12,20 reais cada nesta segunda-feira, 28, movimentando 2,17 bilhões de reais.
Segundo informações publicadas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o preço saiu no centro da faixa estimada pelos coordenadores da ooperação, que se estendia de 10,80 a 13,60 reais por ação. A demanda de fundos e demais investidores foi equivalente a cerca de cinco vezes a oferta.
É um sinal de alívio para as mais de 40 empresas que estão na fila para abrir o capital e que temem que, diante da piora das condições do mercado local e externo, a janela de tempo para fazer ofertas de ações esteja se fechando.
A construtora Melnick estreou no pregão na segunda, 28, com ações negociadas no IPO no piso da faixa estimada. A empresa movimentou 714 milhões de reais.
A oferta secundária, com a venda de papéis detidos por atuais sócios da Boa Vista -- a empresa de private equity TMG Capital e a Associação Comercial de São Paulo --, girou 870 milhões de reais. A empresa também tem entre os sócios a norte-americana Equifax.
Enquanto isso, a oferta primária -- venda de ações novas cujos recursos serão usados pela empresa para financiar aquisições -- captou 1,3 bilhão de reais.
O movimento acontece após a entrada em vigor da reforma do cadastro positivo no Brasil, no qual todas as pessoas fazem parte de um sistema unificado de histórico de crédito, exceto se exigirem a sua exclusão.
O ajuste é visto por especialistas como fundamental para permitir que o sistema de cadastro positivo deslanche no país e se torne comum como acontece em mercados como os Estados Unidos.
A expectativa de expansão desse mercado no Brasil é apoiada em parte na projeção de forte crescimento do crédito nos próximos anos, no encalço da queda da taxa básica de juros para a mínima histórica de 2% ao ano.
Além da Boa Vista, esse mercado é explorado no país pela líder do setor, Serasa Experian, e pela Quod, que tem como sócios os cinco maiores bancos brasileiros: Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Caixa Econômica.
A Boa Vista, cujas ações devem estrear no pregão da B3 na quarta-feira, 30, negociadas sob o ticker BOA S3, ocorre em meio a um momento de turbulência no mercado de bolsa, com o Ibovespa tendo fechado esta segunda-feira no menor nível em três meses.
Algumas empresas que estavam nas fila no IPO desistiram dos planos, incluindo a Compass, unidade da Cosan cuja operação deveria ser precificada também nesta segunda-feira, mas foi cancelada devido às condições adversas do mercado.
As operações das também construtoras Cury e a Plano & Plano, todas neste mês, venderam papéis abaixo dos valores indicados.