Banco do Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2019 às 06h06.
Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 07h06.
São Paulo — Uma das maiores operações da bolsa brasileira no ano não será uma oferta inicial de ações (IPO), mas um follow-on, a chamada oferta subsequente. Em movimento esperado há semanas pelo mercado, o Banco do Brasil divulga nesta quinta-feira (17) o preço das ações que farão parte de seu follow-on.
Se mantida a faixa de preço de 45 reais na qual o papel da empresa fechou o pregão na quarta-feira 16, a operação levantará pelo menos 5,9 bilhões de reais, embora as novas ações no mercado devam jogar o preço ligeiramente para baixo. O BB ofertará 132.506.737 ações, que começam a ser negociadas na B3, bolsa brasileira, na próxima segunda-feira 21.
A oferta é no mercado secundário, isto é, sem emissão de novas ações e com venda dos papéis de atuais acionistas. No caso do BB, cerca de metade vem da tesouraria do banco e a outra metade do FI-FGTS (fundo de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), gerido pela Caixa Econômica Federal.
Analistas vêm recomendando a compra da ação, apontando para mudanças positivas no banco estatal. O banco divulgou neste ano um plano de demissão voluntária, que agradou aos investidores pelo potencial de redução de custos operacionais. Análises também citam o aumento do ROE, o retorno sobre o patrimônio, que passou de 12,3% em 2017 para quase 18% no segundo trimestre de 2019. A expectativa da casa de análise de investimentos Levante é de que o ROE do BB chegue a um patamar sustentável em 16%, abaixo dos bancos privados, onde o indicador pode passar de 20%.
O banco estatal também vem se esforçando em sua digitalização, com mais de 60% das transações já sendo feitas pelo aplicativo da instituição (que passou recentemente por uma reformulação) e outras 20% pelo computador (no internet baking), com menor uso de agências, o que também auxilia no corte de custos.
A capilaridade do banco ajuda, mas chegar ao mundo digital é visto como essencial para que os grandes bancos não percam clientes clientes em meio ao advento de fintechs e bancos digitais que oferecem, a taxas menores, serviços como investimentos e pagamentos.
Enquanto o mercado nacional estará de olho no BB, lá fora, o Morgan Stanley fecha a temporada de balanços dos grandes bancos norte-americanos. Analistas entrevistados pela Bloomberg cortaram as previsões de resultado para a instituição em 10%, sobretudo devido ao menor nível de fusões e aquisições.
Grandes bancos de investimento, como Morgan Stanley e Goldman Sachs, tendem a sofrer mais do que bancos que têm áreas mais diversificadas, como JP Morgan e Citigroup. O Goldman já apresentou nesta semana queda de 26% no lucro (que foi de 1,88 bilhão de dólares), sofrendo sobretudo com o IPO fracassado da empresa de aluguel de escritórios WeWork, na qual tem participação.
O episódio do não-IPO da WeWork também fez Goldman e Morgan Stanley, que por décadas lideram os IPOs de empresas de tecnologia, serem questionados por não estarem percebendo o valor de mercado correto das empresas.
Cada um em suas dificuldades, do Banco do Brasil aos gigantes norte-americanos, a necessidade de reinvenção bate à porta da indústria financeira.