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B3 corrige: estrangeiro investiu só R$ 41 bi em 2021, nunca R$ 102 bi

Bolsa ajusta dados de fluxo nos últimos dois anos após somar aluguel de ações como fluxo de compra e venda

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 20 de maio de 2022 às 17h59.

Última atualização em 20 de maio de 2022 às 18h26.

A B3 anunciou nesta sexta-feira, 20, que o saldo de capital estrangeiro comprador na bolsa em 2021 foi de R$ 41,5 bilhões, e não de R$ 102,3 bilhões como havia divulgado inicialmente. A correção de 59% foi divulgada pouco mais de um mês após a B3 iniciar o ajuste de dados em sua base.

Em abril deste ano, a bolsa já havia divulgado uma correção de R$ 91 bilhões para R$ 64 bilhões — R$ 27 bilhões a menos.

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Entenda a correção

O problema começou em outubro de 2020, quando a bolsa começou a oferecer o serviço de aluguel diretamente na tela. Os contratos desses aluguéis foram computados, erroneamente, como fluxo de compra e venda, quando a operação se trata, na verdade, de um empréstimo.

O dinheiro que circula nesses acordos é o da taxa de aluguel, que varia na média de 2% a 5% do preço para um período de 12 meses (períodos menores são cobrados proporcionalmente).

Em 2020, como o erro foi implementado por apenas três meses, o ajuste total foi menor. O saldo saiu de R$ 2,6 bilhões negativos para um ganho de R$ 0,7 bilhão.

-(B3/Divulgação)

Vale lembrar que a redução no saldo de investidores estrangeiros foi compensada pelo aumento no saldo dos nacionais – tanto institucionais quanto pessoas físicas. Isso porque quem parecia estar vendendo a ação na verdade estava alugando o papel. Ou seja, o investidor local estava menos pessimista do que se pensava.

Em 2021, o saldo de R$ 79 bilhões que saiu do fluxo do investidor estrangeiro no mercado secundário foi dividido entre R$ 47 bilhões em investimentos de pessoas físicas, R$ 25 bilhões de institucionais, R$ 3 bilhões de instituições financeiras e R$ 3 bilhões de outros investidores.

Já em 2020, a redução de R$ 8,3 bilhões no saldo de investidores estrangeiros no mercado secundário gerou aumentos de R$ 3,5 bihões no saldo para pessoas físicas e R$ 4,8 bilhões para institucionais.

Revisão de metodologia

Além da revisão dos dados no mercado secundário, a B3 anunciou uma mudança na metodologia para cálculo dos dados de participação de investidores estrangeiros via ofertas públicas (IPO e Follow On), que também impactou o saldo total da revisão.

Segundo a bolsa, na metodologia anterior, o site institucional da B3 usava as informações dos anúncios de encerramento das ofertas pelos emissores, que têm prazo legal de até seis meses para serem concluídos. Com a mudança, os dados consideram a liquidação financeira em dois dias úteis.

“O ajuste oferece maior tempestividade ao dado, reduz a chance de inconsistências no preenchimento das informações e, por ter a mesma metodologia de classificação usada no mercado secundário, permite a conciliação entre os dados de negociação desses investidores nos diferentes mercados”, informou a B3, em nota.

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