Azul planeja levantar até R$ 2,23 bilhões com IPO
Empresa divulgou um prospecto preliminar de sua oferta pública de ações, depois de três tentativas fracassadas
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de março de 2017 às 09h27.
São Paulo - A companhia aérea Azul deu nesta quinta-feira mais um passo para concretizar sua abertura de capital na Bolsa, após três tentativas fracassadas - em 2013, 2014 e 2015.
A empresa divulgou o prospecto preliminar de seu IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês), em que poderá levantar até R$ 2,23 bilhões, e confirmou a intenção de realizar a abertura no início de abril.
Segundo documento enviado à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão que regula o mercado de capitais americano, o preço estimado para cada ação preferencial (sem direito a voto) da empresa é de R$ 19 a R$ 23.
Serão oferecidos 72 milhões de papéis e, se eles forem vendidos ao preço máximo, a empresa garantirá R$ 1,65 bilhão. Haverá, porém, lotes adicionais que poderão elevar esse valor a R$ 2,23 bilhões.
A oferta deverá ser simultânea em São Paulo e Nova York. Nos Estados Unidos, os papéis (ADRs) estão estimados entre US$ 18,02 e US$ 21,81. Não foram divulgadas informações de quantas ações serão comercializadas como ADRs.
Em recursos líquidos, a Azul estima que captará R$ 1,26 bilhão - R$ 315 milhões serão usados no pagamento de dívida e o restante será destinado a "objetivos gerais da empresa".
As outras três tentativas de IPO da Azul foram canceladas em decorrência de condições desfavoráveis de mercado. Para o professor da USP Jorge Leal, especialista em aviação, a situação do mercado agora também é desanimadora - no ano passado, houve queda de 5,7% na demanda por voos domésticos.
A abertura total do setor aéreo brasileiro ao capital estrangeiro - medida que já é consenso no governo - seria um fator positivo, segundo Leal, já que os investidores passariam a comprar um negócio que pode receber novas injeções de capital de fora do Brasil.
Clima
O especialista em aviação André Castellini, da consultoria Bain & Company, concorda que ainda não houve uma retomada do setor, mas vê o momento atual como mais propício para o IPO do que nas outras tentativas da Azul.
"O mercado financeiro está mais disposto a tomar risco e houve redução das taxas cobradas de dívidas de empresas brasileiras no Brasil e no exterior."
Castellini destaca que os resultados da Gol e da Latam também melhoraram em 2016, após as empresas reduzirem suas frotas, adequando a oferta à demanda mais baixa. "Os últimos resultados mostram um mercado muito difícil, mas com companhias conseguindo equilibrar as contas."
Em 2016, a Azul teve prejuízo de R$ 126,3 milhões. Apesar de negativo, o resultado foi melhor que o do ano anterior, quando as perdas foram de R$ 1,07 bilhão. Também em 2016, o Ebtidar (lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e aluguel de aeronaves) ajustado ficou em R$ 1,8 bilhão, 50% superior ao de 2015.
Ainda ontem, a Gol começou as apresentações de seu projeto de abertura de capital a potenciais investidores, o chamado roadshow, que irá até 6 de abril, dia em que as ações serão precificadas. Os papéis deverão começar a ser negociadas no dia 7 de abril.
Os acionistas que estão ofertando são os fundos Azul HoldCo (do controlador da Azul David Neeleman, que detém 53,56% do capital), Saleb II Founder 13, Star Sabia, WP-New Air, e as empresas Bozano, Maracatu, Morris Azul, Trip e Rio Novo Locações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.