Azul fecha acordo de dívida com 95% dos arrendadores e estima Ebitda de R$ 5,5 bilhões em 2023
CEO afirma que ano de 2023 vai ser o melhor ano da história, ficando 50% acima de Ebitda. A maior parte da redução da alavancagem é o aumento da rentabilidade
Repórter Exame IN
Publicado em 15 de maio de 2023 às 15h13.
Última atualização em 16 de maio de 2023 às 20h55.
Depois de meses de negociação, a reestruturação da Azul (AZUL4) ganhou novos capítulos. Junto com o resultado do primeiro trimestre, a companhia apresentou os números do acordo com 95% de seus arrendadores e fornecedores, afastando de vez o risco de recuperação judicial. No primeiro trimestre, a companhia reduziu seu prejuízo líquido para R$ 727,6 milhões.
O acordo, que prevê tornar os arrendadores acionistas da empresa, reduzirá os pagamentos de arrendamento daqui para frente em aproximadamente R$ 5,4 bilhões, estima a companhia aérea, que também negocia com detentores de seus títulos de dívida emitidos no exterior com vencimento em 2024 e 2026.
"Com o acordo com lessores conseguimos estancar a saída de caixa", diz Alex Malfitani, CFO da companhia aérea. Somada á negociação, a Azul está confiante no avanço da operação em 2023, que deve alcançar Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) R$ 5,5 bilhões, conforme a oferta de assentos cresce 14%.
Com essa geração de caixa, a perspectiva é de que a alavancagem hoje em 5,2 vezes chegue a 3,5 vezes ao fim deste ano e a 3 vezes no fim de 2024. "O ano de 2023 vai ser o melhor ano da nossa história, ficando 50% acima de Ebitda. A maior parte da redução da alavancagem é o aumento da rentabilidade", acrescentou John Rodgerson, CEO da Azul, em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira, 15.
Como vai ser o acordo da Azul com os arrendadores
A estimativa da companhia é de que todos os contratos de negociação sejam fechados até julho. A partir dessa data, a Azul fará uma emissão de dívida sem garantia com vencimento em 2030 e com um cupom de 7,5% ao ano. Esses títulos serão conversíveis em ações preferenciais a R$ 36 por ação. As ações estão sujeitas a um período de carência até o segundo semestre de 2024 e serão conversíveis em quatorze parcelas trimestrais, começando no final do período de carência e terminando no segundo semestre de 2027.
O anúncio do acordo preocupou investidores com temor de diluição de suas posições no papel, mas o temor foi parcialmente dissipado após a teleconferência com analistas. Para minimizar essa diluição, o acordo possui um limite de valor máximo e mínimo. A diluição decorrente do instrumento é estimada em 17,5%.
Ao longo do período de conversão, se entre o segundo semestre de 2024 e o segundo semestre de 2027 o preço de mercado das ações preferenciais da Azul estiver abaixo de R$ 36,00 no momento da medição, a Azul poderá compensar a diferença emitindo ações preferenciais adicionais, ou através de liquidação em dinheiro, ou através de um novo instrumento de dívidas. Se o preço de mercado das ações preferenciais for superior a certos limites, o número de ações a serem convertidas será reduzido e, portanto, a diluição será menor.
A ação da Azul começou o pregão em forte queda, mas foi reduzindo as perdas depois da teleconferência de resultados. Perto das 16h, o papel caía 1,71%.
Negociação com bondholders
Para além dos arrendadores, a companhia está ajustando pontos na negociação com bondholders de emissões de dívida no exterior com vencimento em 2024 e 2026. O alongamento do prazo da dívida deve vir acompanhada de uma nova captação com o programa de fidelidade da empresa, TudoAzul, sendo usado como efeito colateral. "Queremos levantar algum capital adicional. Pelo valor que o TudoAzul foi avaliado, concordamos que podemos fazer a extensão das notas usando o TudoAzul como efeito colateral. Hoje, a propriedade intelectual da marca Azul está cclocada como garantia para as debêntures conversíveis", explica Malfitani. Todo o negócio da empresa foi avaliado em R$ 25 bilhões, sendo a marca uma menor parte. "Queremos ter pelo menos um dos três ativos sem nenhum tipo de ônus acima deles."
Economia de R$ 250 milhões com PIS/Cofins
À espera da decisão do Senado sobre Medida Provisória 1147/22, a Azul diz que conseguiu economizar cerca de R$ 250 milhões desde janeiro. A MP zera as alíquotas do PIS e da Cofins sobre as receitas obtidas pelas empresas de transporte aéreo regular de passageiros no período de 1º de janeiro de 2023 a 31 de dezembro de 2026. Se aprovada, as estimativas da companhia para o ano podem ser superadas.