Assinado o acordo EUA-China, fica a dúvida: como vai a economia global?
Índices de ações na Ásia não mostraram euforia nesta quinta-feira, após compromisso chinês de comprar 200 bilhões de dólares em produtos americanos
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 06h55.
Última atualização em 16 de janeiro de 2020 às 07h16.
São Paulo — Investidores e analistas passaram os últimos meses focados nos efeitos que um acordo comercial entre China e Estados Unidos poderia ter sobre os mercados. Com o acordo finalmente assinado, nesta quarta-feira, qual será a reação das bolsas mundo afora? Esta é a grande questão em aberto nesta quinta-feira.
Os índices de ações na Ásia não mostraram sinais de euforia. A bolsa de Tóquio subiu 0,07% nesta quinta-feira, enquanto Hong Kong avançou 0,38% e Xangai recuou 0,52%. Ontem, as bolsas globais passaram o dia na expectativa pelos detalhes do texto. Ainda assim, o índice americano S&P 500 subiu, 0,19%, para um novo recorde de 3.289 pontos.
Um dos pontos de decepção foi o manutenção de tarifas extras sobre 370 bilhões de dólares em produtos chineses. Havia a expectativa de que estas barreiras fossem levantadas numa segunda fase do acordo, mas a hipótese foi descartada ontem por autoridades americanas. Também há dúvidas sobre a capacidade chinesa de efetivamente comprar os 200 bilhões de dólares em produtos americanos previstos no acordo.
Além disso, analistas apontam para o fato de que o documento assinado ontem não prevê mudanças estruturais concretas nas questões econômicas que levaram os dois países a uma guerra comercial. Ou seja, a China continuará sendo a China, o que poderia forçar os dois lados a uma nova leva de negociações num futuro não muito distante.
Assinado o acordo, as atenções tendem a se voltar para a força das principais economias do mundo. A Alemanha anunciou ontem um crescimento de apenas 0,6% do PIB em 2019, o menor avanço em 6 anos e um preocupante sinal para a Europa em 2020. O continente deve ter um 2020 mais uma vez concentrado no Brexit e em seus desdobramentos.
Nos Estados Unidos, os balanços financeiros dos grandes bancos, divulgados nos últimos dias, trouxeram certa preocupação ao ritmo de expansão do crédito e dos financiamentos no país. As ações americanas estão, segundo a agência Reuters, sendo negociadas a 18 vezes sua previsã ode ganhos, perto do pico pós-crise de 2008, visto no início de 2018. Para que as bolsas continuem avançando, o lucro das empresas também precisa crescer.
Uma possível boa notícia pode vir da China. Na noite desta quinta-feira, logo após o encontro com Donald Trump, o vice-premier chinês, Liu He, anunciou que os dados de janeiro indicam um desempenho econômico acima das expectativas para o país. Segundo a agência estatal Xinhua News, o país deve crescer mais do que os esperados 6% em 2020.