As ações que mais subiram na semana são as que mais caíram no ano. Confira
Papéis da CVC, Azul e Gol lideram os ganhos semanais com mais de 45% de alta. Mesmo assim, os três continuam no vermelho no acumulado de 2020
Natália Flach
Publicado em 5 de junho de 2020 às 18h58.
Última atualização em 5 de junho de 2020 às 20h33.
As ações que mais subiram nos últimos pregões foram exatamente as que mais caíram quando o Ibovespa despencou em meados de março, por causa do avanço do novo coronavírus no Brasil. Nesta semana, os papéis da CVC, Azul e Gol tiveram valorização de 45,13%, 48,18% e 55,44%, respectivamente, enquanto o Ibovespa acumulou alta de 8,3%. Mesmo com o avanço de dois dígitos, as ações ligadas ao setor de turismo e viagem continuam no vermelho em 2020. A CVC registra queda de 52,28%, enquanto a Azul cai 63,69% e a Gol, 49,18%. Também impactada pelo isolamento social — e pelo fim do acordo com a Boeing —, a Embraer subiu 26,43% na semana, apesar de ainda recuar 54,18% no ano.
O desempenho extremamente positivo dá pistas de que os investidores exageraram no desconto das quatro ações. "Parece que o mercado exagerou na queda e está fazendo uma recomposição dos preços", explica João Dibo, analista de ações da Rio Bravo. Outro papel que parece seguir o mesmo script é da resseguradora IRB. Só que, neste caso, a queda de 72,40% no ano está relacionada a problemas de governança corporativa da própria companhia. Nesta semana, porém, registrou alta de 29,52%.
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Apesar do bom desempenho dessas cinco ações no curto prazo, analistas recomendam que investidores comprem papéis que podem se destacar no longo prazo. É o caso das ações dos bancos, que foram penalizadas pelos investidores pelo aumento de provisionamento de suas carteiras e pela queda no lucro. "Também vejo oportunidade emempresas de commodities como Suzano, Klabin e Vale, especialmente com o dólar no atual patamar", afirma Dibo.
RafaelPanonko, analista-chefe da Toro Investimentos, é outro que não recomenda a compra de ações de companhias do setor aéreo nem de turismo. "O fluxo comprador é de curto prazo", explica. "Prefiro recomendar empresas robustas e lucrativas, como bancos, companhias ligadas a petróleo, como Petrobras e PetroRio, e à mineração." O especialista acha também que ainda há espaço para valorização de papéis de varejistas de moda, como da Lojas Renner. "Outro setor que ficou esquecido pelos brasileiros é o de educação, com Cogna e Yduqs."
Aliás, a Yduqs subiu 9,83% nesta sexta-feira e 35,39% nesta semana impulsionada pela compra do Grupo Athenas. No ano, porém, continua no vermelho, com queda de 18,82%.