Apostas em ações resultaram no melhor início de ano para a renda variável
O S&P 500 subiu mais de 4% nos primeiros 28 pregões de 2021, enquanto os títulos de longo prazo do Tesouro dos EUA perderam mais de 5%
Karla Mamona
Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 08h32.
As apostas de investidores cheios de otimismo em ações resultaram no melhor início de ano para a renda variável em relação aos títulos em quase uma década. O S&P 500 subiu mais de 4% nos primeiros 28 pregões de 2021, enquanto os títulos de longo prazo do Tesouro dos EUA perderam mais de 5%, de acordo com dados compilados pelo Bespoke Investment Group. A diferença de 9,3 pontos percentuais no desempenho é a maior no início de um ano desde 2013.
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A razão para a divergência é simples, de acordo com George Pearkes, do Bespoke: as perspectivas econômicas estão melhorando. As apostas de reflação aumentam em todas as classes de ativos com o maior ritmo de vacinação contra a Covid-19 e expectativas de mais ajuda fiscal. Ao mesmo tempo, em janeiro, analistas elevaram as previsões de lucro para 2021 no segundo ritmo mais rápido para um início de ano desde 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“Os rendimentos aumentaram porque as perspectivas melhoraram”, disse Pearkes, macro estrategista global da empresa. “É muito simples. Lucros projetados mais altos, preços de ações mais altos.”
As taxas de equilíbrio de cinco anos - uma referência usada por investidores para estimativas de inflação - subiram para o nível mais alto desde 2013 nesta semana, o que elevou brevemente os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 30 anos acima de 2% pela primeira vez em um ano. Isso ajudou a impulsionar as ações cíclicas.
Otimismo com balanços
O setor corporativo dos EUA também está otimista. Na atual temporada de balanços até quarta-feira, 81% das empresas do S&P 500 que divulgaram resultados superaram as estimativas de analistas, um ritmo quase recorde, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence. Isso indica que as empresas estão aumentando os lucros antes do previsto.
Com base em resultados reais e estimativas para empresas que ainda não divulgaram resultados, os lucros do quarto trimestre provavelmente aumentaram 3,6% em comparação com a queda de 9% prevista há um mês.
A aposta de reflação poderia afetar as ações caso o crescimento econômico mais forte e pressões inflacionárias se traduzam em rendimentos significativamente mais altos, de acordo com o BNY Mellon’s Lockwood Advisors. Juros em mínimas históricas ajudariam a justificar os altos preços das ações, e até mesmo o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reconheceu a dinâmica.
“Esse é provavelmente o maior risco para as ações ao longo do tempo”, disse Matt Forester, diretor de investimentos do BNY Mellon’s Lockwood Advisors. “Se os mercados reagirem a uma disparada da reflação e víssemos taxas de juros muito mais altas, acho que isso seria um risco para os mercados acionários.”