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Aos 24 anos, filha de Rei da Bolsa usa metrô e aconselha empresas

Filha do megainvestidor Barsi, Louise trabalha como analista e dá curso sobre como investir como seu pai

Louise Barsi: economista e analista, a jovem é a única filha do Barsi que trabalha no mercado financeiro (Louise Barsi - Divulgação/Divulgação)

Karla Mamona

Publicado em 24 de maio de 2019 às 09h54.

Última atualização em 24 de maio de 2019 às 10h02.

São Paulo – Louise Barsi e seu pai, Luiz Barsi, todos os dias pegam um metrô para chegar ao trabalho, no centro de São Paulo. A rotina esconde um detalhe: Luiz Barsi é um dos maiores (e mais discretos) investidores da bolsa brasileira, com mais de 1 bilhão de reais investidos. Louise, a caçula de cinco irmãos, é a única que trabalha no mercado financeiro com o pai que, aos 80 anos, está passando a ela as responsabilidades pelos investimentos.

Aos 24 anos, Louise é formada em Economia e Contabilidade, além de ser analista CNPI (Certificado Nacional do Profissional de Investimento). “Eu nunca me imaginei fazendo outra coisa. Eu cresci dentro da corretora [ Elite Investimentos ] Sempre estive muito imersa nesse universo. ”

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Aos 12 anos, Louise já acompanhava o pai nas reuniões APIMECs e lembra que ficava “encantada” ouvindo o pai e outros profissionais do mercado falar sobre investimentos.

Foi ainda na adolescência que Louise ganhou as primeiras ações do grupo de energia Ultrapar do pai. A ideia era substituir os papéis pela mesada. Barsi explicou que aquelas ações pagariam dividendos e era somente dali que ela poderia comprar aquilo que quisesse. “Ele disse que não compraria mais nada para mim. Eu tinha que me virar com aquele valor. ”

O bilionário também explicou que se ela não gastasse o dinheiro recebido dos dividendos, poderia comprar mais ações e assim ampliar seus investimentos e consequentemente, o valor a receber. Tudo dependeria da disciplina e da paciência da jovem.

Louise conta ainda que o pai poderia ter criado para ela uma carteira de ações, pensando no longo prazo, a famosa carteira previdência criada pelo próprio Barsi. Mas ele optou por não fazer, já que não tinha feito esta carteira de ações para os outros filhos.

Louise sabe que seu sobrenome abriu algumas portas no mercado de trabalho. Mas destaca que existe uma cobrança maior por ser filha de quem é. “Meu pai me ensinou que nome não garante nada. Ele sempre deixou claro que eu teria que ralar tanto nos estudos, como no trabalho. ”

Investindo como Barsi

Atualmente, além de ser analista na corretora, Louise toca um projeto lançado recentemente. Ela e os investidores Fabio Baroni e Felipe Ruiz lançaram o curso denominado de “As ações que garantem o futuro”.  O curso online, que tem cerca de 8 horas de duração, visa ensinar sobre tomada de decisões para montar uma carteira pensando no longo prazo.

O curso também analisa ativos explicando as tomadas de decisões de Luiz Barsi na escolha das suas ações. “O que mais escuto das pessoas é como investir como Barsi. Então, montamos o curso. ”  O megainvestidor não participa pessoalmente no curso, mas acompanhou todo o conteúdo e as discussões na formatação do curso, que tem a sua chancela.

Discretos: os bilionários vão trabalhar de metrô na cidade de São Paulo. (Louise Barsi - Divulgação)

A primeira turma já foi aberta e Louise se surpreendeu com a procura, já que não teve um investimento em publicidade e grandes divulgações. O interesse pelo curso é reflexo do aumento de interesse do brasileiro pelo mercado financeiro. Também destaca que as pessoas estão buscando alternativas mais atraentes em um cenário de juros baixos e com a reforma da Previdência Social.

“Por que ao em vez de ir contra a reforma da Previdência, você não monta a sua própria carteira? A pessoa faz a sua previdência.”

Conselheira profissional & acionista ativista

Além de analista, Louise trabalha como conselheira profissional em cinco empresas: Santander, Klabin, AES Tietê, Eternit e Unipar. Nas três primeiras ela é conselheira fiscal e nas demais faz parte do Conselho de Administração.

A trajetória de conselheira começou ainda quando ela estava na faculdade por meio do incentivo de Barsi. O primeiro conselho em que ela atuou foi na Unipar.

Louise chegou em meio a uma briga societária da empresa, entre controladores e minoritários. “Eu acompanhei toda a movimentação. E vi meu pai como acionista ativista. Hoje sei como é importante ser uma acionista ativista. ”

Outra companhia que pesa na carreira da analista é a Eternit. A companhia, que por anos insistiu em telhas de amianto, pediu recuperação judicial com uma dívida superior a R$ 200 milhões. “Foi um divisor de águas na minha carreira. Brinco que dois anos de Eternit valem por 10 anos. ”

Louise conta que gosta de visitar as empresas e conhecer as operações e os ativos das companhias em que investe. Tudo isso lhe ajuda a tomar as decisões como conselheira.

Mas nem sempre os outros conselheiros foram receptivos a ela. Isso porque existia um receio por ela ser muito jovem. “É comum as pessoas acharem que senhorzinhos de cabelos brancos tomarão as melhores decisões. A Eternit está aí para mostrar que não. ” Pelo visto, Luiz Barsi também.

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