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ANÁLISE-"Padrão-ouro" de Zoellick salienta apreensão com dólar

Ideia de Zoellick reflete apreensão global com dólar Especialistas veem "inviável" uso do ouro como ancôra Por Paul Taylor PARIS, 8 de novembro (Reuters) - A defesa surpreendente de um sistema global de câmbio com o ouro como um dos pontos de referência, feita pelo presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, salienta a intensidade da […]

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2010 às 18h10.

Por Paul Taylor

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PARIS, 8 de novembro (Reuters) - A defesa surpreendente de
um sistema global de câmbio com o ouro como um dos pontos de
referência, feita pelo presidente do Banco Mundial, Robert
Zoellick, salienta a intensidade da preocupação com a queda do
dólar, que tem alimentado tensões comerciais.

A proposta pode ter sido feita mais para colocar a China no
sistema monetário internacional do que para reverter de fato a
âncora cambial para o ouro, o que a maioria dos economistas e
integrantes de bancos centrais veem como irrealista.

A proposta de Zoellick por um sistema coordenado de moedas
flutuantes, incluindo o iuan chinês, deve esquentar o debate
antes da cúpula do G20 nesta semana, em Seul. Ela também é o
abandono de 20 anos de dogma entre os norte-americanos por um
sistema cambial definido pelas tendências de mercado.

Washington e Pequim divergem sobre os desequilíbrios da
economia global, sobre o regime cambial do iuan e sobre a
recente decisão do Federal Reserve de imprimir mais dinheiro
para comprar títulos do Tesouro.

A medida do Fed, conhecida como "quantitative easing" ou
QE2, depreciou o dólar, o que trouxe críticas internacionais.

"Zoellick não só tem muita perspectiva histórica, como
também entende a dinâmica global mais que a maioria", disse Jim
O'Neill, presidente da área de gestão de ativos do Goldman
Sachs. "Com a França prestes a tomar posse da presidência do
G20, vamos ver muito mais desse tipo de coisa."

Zoellick, que já participou do governo norte-americano
durante períodos de domínio republicano, pediu "um sistema
monetário mais cooperativo" que inclua o dólar, o euro, o iene,
a libra esterina e o iuan. A moeda chinesa caminharia para a
internacionalização e para uma conta de capitais aberta.

"O sistema também deveria considerar o uso do ouro como um
ponto internacional de referência das expectativas do mercado
sobre inflação, deflação e futuras cotações cambiais."

IUAN NA CESTA DO FMI?

Autoridades francesas disseram que algumas das ideias de
Zoellick, apresentadas em um artigo de opinião no Financial
Times, estão de acordo com iniciativas que o presidente Nicolas
Sarkozy quer promover enquanto a França presidir o G20, a
partir da próxima semana. O mandato dura um ano.

Paris quer ajudar a integrar gradualmente a China, cuja
moeda ainda não é conversível, ao sistema monetário
internacional. Isso permitiria uma valorização cuidadosa do
iuan e ajudaria a equilibrar os fluxos de comércio.

Essas ideias estiveram no centro do encontro de Sarkozy com
o presidente chinês, Hu Jintao, na semana passada.

Uma autoridade francesa envolvida nas preparações para a
Presidência do G20 afirmou que um dos principais objetivos de
Paris é garantir a inclusão do iuan na cesta de moedas usada
para calcular os Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em
inglês) do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Isso ajudaria a criar um mercado para o iuan como moeda de
reserva e também incentivaria bancos centrais a adquirirem a
divisa, afirmou a fonte francesa.

AO OURO, FALTA BRILHO

Entretanto, há mais ceticismo sobre a ideia de um retorno
ao padrão-ouro.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude
Trichet, falando após um encontro com presidentes de bancos
centrais de países industrializados e emergentes, disse que o
padrão-ouro não foi discutido.

"Em minha memória, essa ideia foi mencionada há um bom
tempo por Jim Baker, quando foi secretário do Tesouro nos anos
1980", disse Trichet. Zoellick trabalhava no Tesouro durante a
administração de Baker.

Gilles Moec, economista do Deutsche Bank, disse que o
padrão-ouro é citado a cada crise do sistema de câmbio. Ele vê
no entanto, um problema fundamental no sistema, que depende da
oferta e demanda por uma commodity.

"Essas discussões se resumem a uma coisa: as pessoas estão
procurando uma âncora", afirmou.

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