Dólar (halduns/Getty Images)
Após dez anos em níveis próximos do zero ou negativos, as taxas de juro nos principais países do mundo voltaram a subir. E o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, saiu na liderança das políticas monetárias restritivas globais.
Na última quarta-feira o Fed elevou a taxa de juro americana em 0,75 ponto percentual (p.p.) para o intervalo de 2,25% e 2,50%.
A alta é a quarta desde março e a segunda consecutiva em 0,75 p.p.
O ajuste tem como principal objetivo controlar a crescente inflação dos Estados Unidos, que chegou a 9,1% em junho, o maior patamar desde o início da década de 1980.
A tendência de alta nos juros é destinada a perdurar, pelo menos até que a inflação volte a ser controlada internacionalmente.
Mas juros mais caros significam também um aumento dos custos da dívida pública, um impacto nos orçamento das famílias, e consequências sobre o endividamento das empresas, em particular aquelas que têm dívidas muito elevadas ou em dólares.
No Brasil, o problema é ainda maior, pois as empresas brasileiras que estão endividadas em dólares terão de enfrentar um aumento dos juros e um dólar mais forte, o que acaba encarecendo ainda mais as dívidas.
E essa situação ocorre em um momento de erosão das margens, por causa do ambiente de recessão que está se delineando em nível global e pela inflação elevada, principalmente de energia e matérias-primas.
(Fonte: Economatica)
Muitos analistas estão prevendo que, em nível global, grandes grupos econômicos iniciarão planos de corte de dívida.
Algumas empresas poderiam vender ativos considerados não estratégicos para amortizar o pagamento das dívidas.
Além disso, em geral, o maior problema das empresas com elevado endividamento é evitar, nessa fase de alta de juros, o rebaixamento do rating pelas agências de avaliação de risco.
Isso já está acontecendo em nível internacional. A Moody's e a S&P rebaixaram a dívida do EDF, e por isso o governo francês decidiu nacionalizar a empresa para prosseguir com a reestruturação do grupo fora da Bolsa de Valores de Paris.
Em nível internacional, as empresas mais endividadas atuam principalmente aos setores de telecomunicações e automotivo.
Geograficamente falando, as maiores dívidas concentram-se nos grandes grupos industriais dos EUA e da Alemanha, ainda que a empresa mais endividada do mundo seja, com US$ 186 bilhões, a japonesa Toyota, seguida pela alemã Volkswagen, com US$ 185 bilhões, e em terceiro lugar pelo operador de telefonia dos EUA, AT&T, que tem uma dívida de US$ 182 bilhões.