ADRs voltam a ser objeto de desejo
São Paulo - Com o caminho facilitado para listagem de papéis no mercado de capitais norte-americano e o crescente apetite de estrangeiros por investimentos no Brasil, várias companhias da Bovespa devem lançar ou estender programas ADRs em Nova York este ano. A maioria deve estrear no mercado norte-americano via recibos de nível 1, caminho […]
Da Redação
Publicado em 16 de março de 2010 às 08h33.
São Paulo - Com o caminho facilitado para listagem de papéis no mercado de capitais norte-americano e o crescente apetite de estrangeiros por investimentos no Brasil, várias companhias da Bovespa devem lançar ou estender programas ADRs em Nova York este ano.
A maioria deve estrear no mercado norte-americano via recibos de nível 1, caminho que tem menos exigências. Outras, no entanto, devem migrar para níveis superiores.
"Estamos coordenando mais de cinco operações", disse à Reuters o responsável no Brasil por ADRs do BNY Mellon, maior banco custodiante nesse mercado, Curtis Smith.
Segundo ele, o movimento reflete o maior interesse dos investidores globais pelo Brasil. "O país está vivendo momento muito positivo internacionalmente", afirmou.
Só no mês passado, a empresa de cartões de crédito Cielo, a holding de produtos de consumo Hypermarcas e a fabricante de produtos para construção Eternit anunciaram o início do programa de ADR de nível 1.
No caso do nível 1, outro fator que alimenta o interesse das companhias por ADRs é o lançamento de uma plataforma específica para transações com esses papéis, que hoje acontecem apenas no mercado de balcão, restringindo bastante a liquidez.
"Vamos lançar essa nova plataforma em abril", disse o chefe regional da Nyse Euronext para América Latina, Alex Ibrahim.
Em dezembro, o ciclo havia começado com Banco do Brasil, dias depois de a Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais norte-americano, ter aprovado mudanças nas exigências para companhias que quiserem listar seus papéis na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse).
Na prática, as modificações --válidas desde 1o de janeiro-- reduziram exigências burocráticas, como ter que enviar frequentes relatórios à SEC, podendo substituí-los por informações no próprio site na Internet.
Esse, no entanto, não é o único motivo. "O programa de ADR representa mais uma opção de investimento para os investidores, além de aumentar a visibilidade da Cielo no mercado internacional", disse a companhia em nota.
Curtis, do BNY Mellon, lembra que os ADRs de nível 1 funcionam como um termômetro para avaliar como está o apetite do investidor estrangeiro por seus papéis.
Ou seja, um interesse maior do mercado, medido pelo aumento do volume de negócios, poderia estimular a companhia emissora a migrar para os ADRs de níveis 2 e 3, somando-se a um grupo hoje restrito a 30 nomes de empresas brasileiras, como as gigantes Petrobras, Vale, Itaú Unibanco e Santander Brasil.
Juntos, os ADRs de companhias brasileiras movimentam um giro superior ao agregado de companhias de qualquer outro país de fora dos Estados Unidos na Bolsa de Nova York.
Abraçar os programas de níveis superiores implica em maiores exigências, como submeter-se à rigorosa lei societária Sarbanes-Oxley, mas também abre caminho para a empresa captar diretamente em Wall Street e ganhar mais visibilidade mundial.
É o caso do próprio BB, que já faz planos mais ambiciosos. O banco já aguarda aprovação da SEC para subir de nível, o que lhe permitirá incluir ADRs na emissão primária de ações que pretende realizar nos próximos meses.