Mercados

Ações defensivas perdem espaço para consumo e construção

Investidores parecem mostrar mais disposição para apostar em ações além daquelas consideradas defensivas como telefonia e energia

Já é possível verificar uma transferência de investimentos para setores voltados ao mercado interno, como varejo e construção (Luiz Iria/EXAME.com)

Já é possível verificar uma transferência de investimentos para setores voltados ao mercado interno, como varejo e construção (Luiz Iria/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2012 às 18h44.

São Paulo - As preocupações com a economia global ainda rondam os mercados, mas investidores parecem mostrar mais disposição para apostar em ações além daquelas consideradas defensivas como telefonia e energia, que foram as que mais subiram em 2011.

"Apesar do cenário ainda incerto, neste momento essas ações defensivas vão ficar um pouco para trás, com investidores migrando para setores que sofreram bastante", afirma o analista Rafael Andreata, da Planner Corretora.

Para ele, já é possível verificar uma transferência de investimentos para setores voltados ao mercado interno, como varejo e construção.
"Temos notado uma migração para os setores domésticos, com recomendações bem fortes para construção e varejo, porque o cenário macroeconômico do Brasil continua bom", diz ele. "Alguns bancos já revisaram (as recomendações) para o setor elétrico."

Recentemente, o JPMorgan rebaixou a ação da geradora paulista de energia Cesp para "neutra" e o UBS cortou sua indicação para CPFL Energia para "venda", de "neutra".

Em telefonia, o BTG Pactual diminuiu sua recomendação para Telefônica Brasil, TIM Participações e Oi de "compra" para "neutra".
Em 2011, o índice do setor de energia elétrica IEE da Bovespa teve ganho de quase 20 por cento, enquanto o de telefonia Itel valorizou-se em 15,59 por cento. O Ibovespa, que reúne as principais ações brasileiras, caiu 18,1 por cento.

Neste ano, porém, até o fechamento de 20 de janeiro, o IEE acumula perda de 1,2 por cento e o Itel tem ganho de 1,95 por cento. Enquanto isso, o índice do setor imobiliário Imob, que no ano passado caiu cerca de 27 por cento, exibe valorização de 10,3 por cento.

Juro menor e crescimento

Em relatório recente com as recomendações para 2012, o Itaú BBA ressaltou que suas indicações no mercado brasileiro consideram a redução na taxa básica de juros e as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).


Desde agosto passado o Banco Central reduziu a taxa básica de juros Selic em 2 pontos percentuais, para 10,50 por cento, em um esforço para não deixar a economia esfriar. A expectativa do mercado é de novos cortes até o fim do ano.

"Nós estamos nos preparando para um ano difícil e esperamos que o mercado tenha uma performance melhor no primeiro semestre, conforme o corte de juros e de gastos públicos sejam sentidos no crescimento do PIB. Uma melhora no sentimento global, causada por uma melhora temporária na Europa, pode fornecer mais suporte aos mercados", afirmaram os analistas Carlos Constantini e Florian Tanzer.

O Itaú BBA tem posição "neutra" para telefonia e "underweight" -quando espera desempenho abaixo da média do mercado- para energia, embora reconheça que os dois setores têm como característica atrativa o fato de pagarem bons dividendos e apresentaram boas perspectivas de resultados.

Ao mesmo tempo, a instituição está "overweight" -quando estima desempenho acima da média- em empresas ligadas a consumo.
Para a segunda metade de 2012, o Itaú BBA ressaltou que deverá aumentar a exposição ao setor de energia e mudar a recomendação de telefonia para "overweight".

Infraestrutura

A Ativa Corretora também acredita que ações de setores voltados para o mercado doméstico terão desempenho melhor em 2012. Além de consumo e varejo, os analistas lembram de empresas de infraestrutura.

"Acreditamos que a percepção de urgência em investimento de infraestrutura de transportes no país, principalmente estimulada pela necessidade de adequação aos padrões internacionais para atender aos eventos da Copa do Mundo e Olimpíadas, reafirmam a confiança dos investidores sobre o potencial de crescimento das oportunidades para as concessionárias atuantes no Brasil", afirmou a Ativa, em relatório.

"Sendo assim, esperamos aumento do volume de licitações públicas nos setores de concessões rodoviárias, além de novas linhas de metrô, trens de superfície, TAV (trem de alta velocidade) e, principalmente, no segmento aeroportuário", completou a corretora.

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