Ações da Kraft Heinz caem após transferência da 3G e rebaixamento do UBS
Gestora de private equity transferiu 88 milhões de ações da empresa a investidores
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Ketchup Heinz: a Kraft Heinz é um investimento conjunto entre a 3G, que comprou a Kraft, Warren Buffet, que havia se tornado maior investidor da Heinz (Arnd Wiegmann/File Photo/Reuters)
Publicado em 26 de maio de 2022, 19h15.
Última atualização em 26 de maio de 2022, 19h56.
As ações do gigante de alimentos Kraft Heinz caíram 6,1% na bolsa americana Nasdaq nesta quinta-feira, 26, reagindo a duas notícias: a mudança na participação societária do segundo maior acionista da empresa e a avaliação negativa dos analistas do banco suíço UBS.
Grande parte da maior pressão sobre as ações da companhia nesta quinta veio do UBS. O banco rebaixou a recomendação para a ação de “neutra” para “venda”, e cortou o preço-alvo da Kraft Heinz de US$ 40 para US$ 34. Segundo os analistas, liderados por Cody Ross, a empresa "está enfrentando uma das maiores pressões inflacionárias nos próximos 12 meses".
“A empresa recuou significativamente nas promoções, compete em categorias com maior chance de redução [de vendas] e tem o maior risco de queda de comercialização entre os consumidores para marcas próprias”, disseram os analistas do UBS em um relatório publicado hoje.
No campo societário, a companhia informou mais cedo que os fundos da 3G Capital distribuíram cerca de 88 milhões de ações ordinárias da empresa diretamente para os investidores.
A transferência reduz pela metade a participação da gestora de private equity na Kraft Heinz. Fundada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, a 3G Capital é a segunda maior acionista da Kraft Heinz, atrás da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett — tido como o maior investidor de todos os tempos.
Com o alto volume de papéis sendo entregues diretamente aos investidores, as negociações podem ficar mais instáveis, aumentando a preocupação em torno do papel.
A distribuição direta das participações de uma empresa por um fundo de private equity pode ocorrer por diversas razões. Entre as mais comuns estão questões tributárias e também quando o investimento não ofereceu o retorno esperado. Com o prazo do fundo chegando ao fim, a decisão de entregar os papéis dá aos investidores a possibilidade de esperar um prazo extra, para ver se a aplicação tem uma rentabilidade melhor.
A Kraft Heinz é um investimento conjunto entre o 3G, que comprou a Kraft, Warren Buffett, que havia se tornado maior investidor da Heinz, antes da união de ambas. Em 2019, o próprio Jorge Paulo Lemann chegou a admitir que a aquisição fracassou, e não chegou ao retorno pretendido. O sonho grande, desta vez, não deu certo.
Os desafios para o sucesso do negócio estiveram, inclusive, no cerne do debate sobre o modelo 3G, que entrou em crise. O trio formado por Lemann, mais Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, deixou como legado um modelo de gestão calcado na eficiência operacional, no controle constante de custos, e em uma cultura de remuneração — elevada —, mas sempre calcada em metas e opções de ações.
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