Ação da Marfrig sobe 7% após empresa anunciar venda de carne vegetal
Papéis se valorizam desde a última quinta-feira (1); empresa resistiu ao cenário nebuloso de ontem na bolsa (5)
Guilherme Guilherme
Publicado em 6 de agosto de 2019 às 13h49.
Última atualização em 6 de agosto de 2019 às 16h30.
A ação da Marfrig Global Foods tiveram forte alta após a empresa anunciar nesta terça-feira (6) que fechou um acordo com a empresa americana Archer Daniels Midland (ADM), especializada em alimentos de origem vegetal. Às 12:10, as ações se valorizavam 7,56% e chegavam a custar 7,40 reais.
O preço dos papéis da empresa tem subido desde quinta-feira (1). Ontem (5), quando os novos capítulos da guerra comercial entre China e Estados Unidos derrubaram bolsas do mundo inteiro e o Ibovespa caiu 2,51%, a Marfrig foi a única empresa do índice a apresentar valorização, fechando em alta de 1,62%.
Até ontem, as ações da empresa acumulavam alta de pouco mais de 3,7% no mês. No ano, a alta era de 26%.
De acordo com comunicado à imprensa, a Marfrig vai desenvolver produtos de origem vegetal em parceria com a ADM, que será responsável pelo fornecimento de matérias-primas. O papel da empresa brasileira será vender e distribuir o produto para food services e varejo.
“O hambúrguer vegetal vem para complementar o portfólio de produtos da Marfrig e atender todos os canais de mercado nos quais atuamos”, afirmou Eduardo Miron, CEO da Marfrig.
O hambúrguer vegetal será produzido na unidade da Marfrig em Várzea Grande, no Mato Grosso e parte da matéria-prima sairá da fábrica da ADM em Campo Grande.
A companhia comunicou que os novos produtos serão comercializados ainda este ano. Inicialmente, o intuito é vender a carne vegetal apenas para food services. A empresa anunciou que, posteriormente, também irá destinar o produto ao varejo e à exportação.
Além da Marfirg, outras empresas especializadas em carne animal já passaram a vender hambúrgueres vegetais. Um exemplo é a Seara, controlada pela JBS. Outra que vem surfando na onda dos hambúrgueres vegetais é a Fazenda Futuro, que chegou a receber aportes milionários para expandir o negócio.
Andando com os próprios pés
Até o mês passado, a Marfrig negociava uma fusão com a BRF, das marcas Sadia e Perdigão, mas o acordo não saiu por questões relacionadas à governança da sociedade.
Na negociação, a Marfrig ficaria com 15% da nova empresa e a BRF com os outros 85%. Fontes ligadas à negociação relataram à Exame que ela não vingou porque o fundador e maior acionista da Marfrig, Marcos Molina, não concordou com a divisão.
Apesar de a ação da Marfrig ter se valorizado 0,74% no dia em que a possível fusão foi anunciada, ela se manteve praticamente estável até a data do cancelamento. Já a ação da BRF teve baixa de 4,52% no dia do anúncio, mas, se apreciou 16,96% até o cancelamento.
Maior produtora de carne suína no Brasil, a BRF teve forte alta neste período devido ao crescimento da demanda chinesa por carne suína, que perdeu parte considerável de seu rebanho por conta da peste suína africana.
Em junho, a as exportações brasileiras de carne suína cresceram 81% em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal. Em todo o primeiro semestre, o acréscimo foi de 24,5% se comparado com 2018.
A ação da BRF acumula alta de 1,95% desde o começo do mês e 55% no ano.