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Abertura de capital na Bolsa deve ganhar força em 2019

Ao menos 30 companhias têm potencial para estrear na B3 em 2019, na esteira da expectativa de retomada da economia e de aprovação de reformas

(Cris Faga/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de dezembro de 2018 às 08h04.

Última atualização em 26 de dezembro de 2018 às 09h04.

São Paulo - As companhias brasileiras estão aquecendo as turbinas para abrir capital no ano que vem, na esteira da expectativa de retomada da economia e de aprovação de reformas estruturais. Muitas empresas já se estruturam para lançar suas ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês), movimento que deve ganhar tração já a partir de fevereiro. O cálculo é de que ao menos 30 companhias têm potencial para estrear na B3 em 2019.

Logo para o início do ano é esperada, por exemplo, a oferta da empresa de tecnologia Tivit, que tinha programado sua oferta previamente para dezembro, mas optou em postergá-la em algumas semanas. Neoenergia e Smartfit também preparam suas emissões, que são amplamente aguardadas pelos investidores. Ainda estão previstas Quero-Quero e Austral.

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Nessa lista estão outras empresas que já tentaram fazer oferta, sem sucesso, e devem retomar as tentativas no ano que vem, como Agibank, Ri Happy e Banrisul Cartões, por exemplo. Outra forte candidata é a Rede D'Or, segundo fontes de mercado.

O diretor de mercado de capitais e sócio do Banco BTG Pactual, Fabio Nazari, espera que o momento positivo em relação ao Brasil fique mais evidente quando as reformas estruturais no País forem endereçadas, mas que o otimismo dependerá de um ambiente externo benigno, que não prejudique os fluxos em direção aos países emergentes.

"A recomendação para as empresas é de estarem preparadas e prontas para a emissão. Com as premissas mantidas, o potencial é de que 2019 seja um ano melhor do que 2017", afirma o executivo.

As expectativas para 2019 são, assim, bastante positivas e a projeção é de um ano bastante movimentado para os bancos de investimento.

"Deveremos ter um bom volume de atividade para o ano que vem", afirma o responsável pelo banco de investimento do Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema. A tônica de muitas operações que chegam à mesa são iniciativas em busca de capital para crescimento. "O mercado de capitais terá um papel de financiamento importante."

Além das empresas em busca de recursos para investimentos, por exemplo, o mercado de capitais também será palco de ofertas de empresas no âmbito de processos de privatizações, que vêm sendo prometidas pelo governo eleito de Jair Bolsonaro (PSL), e de operações secundárias de empresas com participações detidas por fundos de pensão, caso do IPO de Neoenergia, que pode se desenrolar já no início de 2019. Também é esperada uma oferta subsequente da Vale.

Cautela

Ainda que os preparativos para emissões estejam ocorrendo, destaca o sócio da área de mercado de capitais do escritório Mattos Filho, Jean Marcel Arakawa, as empresas aguardam mais clareza sobre os primeiros passos da equipe econômica do novo governo para baterem o martelo e prepararem a documentação a ser entregue para o regulador, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Há uma série de empresas olhando e que pode vir a mercado, mas que quer acompanhar os primeiros meses do novo governo", diz o especialista.

O responsável pelo banco de investimento do Goldman Sachs no Brasil, Antonio Pereira, afirma que há companhias privadas "muito boas e fortes candidatas para abrirem capital", mas que elas não têm nas costas pressão para captar neste momento - e podem aguardar. "A retomada das ofertas deve ser gradual, mas, quando o mercado estiver em velocidade de cruzeiro, deveremos ter no Brasil ao menos 20 IPOs por ano."

Apesar do bom presságio para o ano e da extensa lista de empresas se preparando para abrir capital, o cenário doméstico pode ser afetado pelo ambiente externo.

Segundo o chefe do banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch, Hans Lin, a cautela em relação ao crescimento global, preocupações em torno dos embates entre China e Estados Unidos e, ainda, a questão dos juros no país norte-americano, podem afetar o otimismo e, consequentemente, o ritmo do lançamento das ofertas.

A estimativa de Lin é de um volume em ofertas de ações entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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