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5 visões do mercado sobre a inflação novamente acima das expectativas

Analistas classificam o IPCA de março como 'assustador' e 'preocupante' e revisam projeções para a taxa Selic ao fim do ano

Analistas apostam que a disparada da inflação pode levar o BC a subir juros por mais tempo (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Analistas apostam que a disparada da inflação pode levar o BC a subir juros por mais tempo (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 9 de abril de 2022 às 09h05.

Investidores e analistas de mercado foram mais uma vez pegos de surpresa pelos números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o principal índice inflacionário brasileiro. Divulgado na sexta-feira, dia 8, pela manhã, o IPCA acelerou de 1,01% em fevereiro para 1,62% em março – a maior variação para o mês desde 1994. 

O número ficou bem acima do consenso de projeções de economistas, que apontavam para uma variação de 1,28%. O IPCA acumulado de 12 meses saltou de 10,54% para 11,30%, o maior patamar desde 2003.

Os números do IPCA voltaram a reforçar a expectativa por novas altas da taxa básica de juros, a Selic, que está em 11,75% ao ano. As previsões dos analistas vão contra o que tem sido sinalizado pelo Banco Central. Em sua última ata, a autoridade monetária havia apontado que haveria apenas mais uma alta em maio, com a taxa estacionando em 12,75% ao ano. Analistas apostam, no entanto, que a disparada da inflação pode obrigar o BC a reavaliar sua postura.

Veja abaixo 5 opiniões do mercado sobre os reflexos do IPCA:

 

"Números desagradáveis"

Para analistas do Bradesco BBI, a inflação repetiu a tendência recente de surpresas de alta nas divulgações do IPCA. “Desta vez, foi a divulgação do mês inteiro que apresentou números desagradáveis ​​acima do esperado – e os dados foram ainda piores se considerarmos que as projeções para a inflação de março já estavam bastante altas”, disseram em relatório.

A divulgação reforçou a visão do BBI de que o BC provavelmente precisará elevar a taxa Selic além dos 12,75% sugeridos nos últimos comunicados. “Ao todo, considerando os números divulgados hoje, atualizamos nosso IPCA do ano 2022 para 7,8% (de 6,8% antes), enquanto também ajustamos nossa projeção do IPCA do ano 2023 para 4,0% (de 3,8%)”.

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“Preocupante”

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, classificou o IPCA de março como "preocupante". Segundo ele, é possível que os juros não só subam além de 12,75%, como foi sinalizado pelo Banco Central, mas também permaneçam em patamar elevado por mais tempo. "A inflação foi constantemente alta durante todo o ano passado e parece que vai ser assim de novo.”

“Inflação altamente disseminada”

“A inflação está agora não apenas muito alta mas também altamente disseminada; com manchete projetada para permanecer acima de 10% até agosto de 2022”, afirmaram os analistas do Goldman Sachs em relatório.

O banco americano espera que a alta nos preços das commodities e outros custos de produção mantenham as pressões inflacionárias em alta. “O cenário desafiador da inflação atual e prospectiva e a sinalização hawkish [favorável ao aumento de juros] do Federal Reserve [Fed, o banco central americano] exigem uma calibração conservadora da política monetária.”

“Extremamente desfavorável”

Os analistas do banco Modalmais enxergaram o IPCA de março com composição “extremamente desfavorável não somente nos itens administrados ou em alimentos, que foram as maiores contribuições para o headline no mês, mas também nos itens subjacentes e núcleos e difusão”. O banco colocou um viés altista para sua projeção da Selic para 2022 após a divulgação do IPCA.

“Resultado assustador”

“O resultado é assustador ao passo que se trata de mais uma surpresa altista do índice inflacionário”, avaliou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, em nota. A divulgação fez a casa recalibrar suas expectativas. “Com a curva da Selic no Focus em 12,75% e o desvio inflacionário para 2023 da própria autoridade em cerca de 15 bps [pontos base], além de 2024 desancorando, seria necessário conduzir o juro para além dos 13,50% para restabelecimento da convergência e ancoragem (matematicamente)”.

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