Ações do GPA devem sustentar tendência de alta após resultados? Confira
Analista Luis Fernando Mollo, da EXAME Invest Pro, diz que extensão do auxílio emergencial tende a favorecer o consumo e, portanto, o resultado da companhia
Juliano Passaro
Publicado em 28 de fevereiro de 2021 às 20h27.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2021 às 20h28.
Na onda do investidor consumidor, uma das ações que mais fazem parte do dia a dia do brasileiro é do GPA, o Grupo Pão de Açúcar.
A companhia está diante de um momento importante, com a cisão da área que mais cresce, a do "atacarejo" (por meio da bandeira Assaí ), e acaba de apresentar seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2020, o que aconteceu na última terça-feira (23).
O GPA registrou lucro líquido de 1,59 bilhão de reais no período. No mesmo período do ano anterior, o lucro havia ficado em 94 milhões de reais. Para avaliar as perspectivas da companhia, a EXAME Invest conversou com o analista Luis Fernando Mollo, da EXAME Invest Pro, que falou sobre as perspectivas para os papéis da companhia na Bolsa de Valores e o panorama geral dos resultados da varejista.
As ações do GPA (PCAR3) acumulam alta de 10,6% no ano, com um dos melhores desempenhos do Ibovespa. A alta acumulada chegou a atingir 20,4% na última quarta-feira, depois do resultado e antes da forte queda acompanhando o movimento da bolsa brasileira.
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Qual deve ser a tendência dos papéis do GPA para os próximos meses?
Segundo o analista da EXAME Invest Pro , a tendência para os papéis do GPA depende um pouco da extensão do auxílio emergencial, que pode movimentar a economia e dar fôlego aos consumidores. "Caso seja efetivada a extensão do auxílio, eu diria que o papel pode continuar mostrando uma tendência de alta dada, a continuidade de uma demanda", explicou Mollo.
Por outro lado, o especialista alertou que a continuidade de uma boa performance do papel também dependerá de como irá caminhar o crescimento da plataforma online e da abertura de lojas do grupo. "Agora que o Assaí saiu debaixo da asa do Pão de Açúcar, abriu espaço novamente para uma linha de aberturas de Pão de Açúcar e Minuto Pão de Açúcar", pontuou o analista da EXAME Invest Pro.
A cisão do Assaí como uma empresa à parte na bolsa é um fator que deve beneficiar as ações do GPA, embora não diretamente a sua operação, porque deve destravar valor para companhia.
O e-commerce será cada vez mais essencial para o resultado ou isso passará após a pandemia?
O GPA informou em seu relatório de resultados do quarto trimestre que superou a marca de 1,1 bilhão de reais em vendas no canal digital, um avanço de três vezes frente ao ano anterior. A grande questão que cerca esse valor é: o e-commerce seguirá como ponto forte das varejistas mesmo após a pandemia?
Na opinião de Mollo, o e-commerce continuará sendo essencial para o crescimento das varejistas e isso as redes que vendem alimentos. "O GPA já iniciou as operações no Rappi em São Paulo capital – expandindo a modalidade Last Mile, assim como também já faz com o James. A tendência é que essa modalidade seja expandida para outras regiões. Não acho que isso deva diminuir quando a pandemia passar. As pessoas aprenderam a usar o celular para fazer compras, não é uma coisa que vai sumir", concluiu o analista da EXAME Invest Pro.
E quais os destaques do resultado do quarto trimestre?
Segundo Mollo, o resultado operacional do GPA veio acima das expectativas do mercado. "Destaque para o forte crescimento da receita bruta e a melhor margem operacional do segmento multivarejo", salientou o analista. O especialista em mercado financeiro também ressaltou a performance trimestral do Grupo Êxito, vertente internacional do GPA, que atua na Colômbia, na Argentina e no Uruguai.
Apesar de o resultado da empresa ter agradado bastante o mercado, o analista achou importante frisar que o GPA recebeu um crédito fiscal de 994 milhões de reais que acabou impactando fortemente os números do varejista entre outubro e dezembro do ano passado. "O Ebitda ajustado só foi maior que as expectativas do mercado por causa desse crédito", afirmou Mollo.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) teve alta de 33,4% no quarto trimestre de 2020 frente ao mesmo período do ano anterior, ficando em 2,27 bilhões de reais.