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Bolsa de valores: até onde a tecnologia pode ser boa para os investidores?

Somente 9% dos novos investidores costumam fazer cursos presenciais para aprender a investir; Especialista da EXAME alerta para risco de investimentos desconhecidos

(iStock/Abril Branded Content)
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Juliano Passaro

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 19h00.

Última atualização em 12 de janeiro de 2021 às 19h32.

Na busca por produtos que possam fazer o dinheiro ter uma maior rentabilidade, muitas pessoas estão entrando na bolsa de valores e deixando para trás os velhos investimentos, como a poupança. Parte da leva de investidores que entrou na bolsa no ano passado afirmou à B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) que, apesar de fazerem suas próprias aplicações, suas escolhas são feitas baseadas em influenciadores digitais, amigos e plataformas online. Apenas 9% dos novos investidores costumam fazer cursos presenciais para aprender a investir e 7% buscam ajuda de gerentes ou assessores financeiros.

Claramente, a transformação digital trazida pelo avanço da tecnologia junto ao maior acesso à informação foram fatores essenciais para que o mercado financeiro desse um grande salto nos últimos anos no Brasil. Porém, é necessário ficar atento ao leque de informações disponíveis, já que a qualidade dos dados e a credibilidade, reputação e histórico das fontes são cruciais para que, lá na frente, você não note que caiu em uma cilada.

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"O risco que precisamos dosar é que essas informações às vezes chegam de uma maneira muito simplificada e, por vezes, superficial demais aos investidores e quando estamos falando de simplificação no processo de aprendizado na área financeira não estamos falando de algo ruim, mas ela não pode parar aí, porque senão o investidor de fato acaba compreendendo somente uma parte dos riscos ou acaba sendo iludido por ganhos extraordinários, ganhos estratosféricos e acreditando que ficará rico da noite para o dia", afirmou a especialista em fundos da EXAME Research, Juliana Machado.

A pesquisa realizada pela B3, divulgada em meados de novembro de 2020, buscou mostrar como se comportam as mais de 2 milhões de pessoas que deram início aos investimentos em bolsa entre maio de 2019 e outubro do ano passado. Foram entrevistadas 1,3 mil pessoas. Os entrevistados possuem idade entre 18 e 65 anos e são de diferentes classes sociais (A, B e C).

A população que tem entrado na bolsa nos últimos anos é, na maioria, jovem e possui idade média de 32 anos. Todas essas pessoas mostraram uma certa preocupação em diversificar os investimentos para mitigar os riscos na bolsa. Além disso, os novos investidores também estão focados no longo prazo e têm começado nos investimentos com quantias baixas.

Toda essa mudança tem ocorrido devido à facilidade de obter informações sobre o mercado financeiro hoje em dia, além do aumento do número de pessoas "famosas" que tratam o assunto em redes sociais. "Temos esse movimento de maior interesse das pessoas físicas por investimentos e há algo bastante positivo nisso, que é fazer a indústria como um todo se movimentar para oferecer produtos melhores para as pessoas no geral, ou seja, descentralizar o conhecimento e os produtos que antes eram restritos a uma classe media alta", explicou Machado.

O valor do primeiro investimento das pessoas físicas, por exemplo, que em outubro de 2018 era de R$ 1.916, teve queda de 58%, passando para R$ 660 em outubro de 2020. Isso mostra que a mentalidade do brasileiro tem mudado, já que muitas pessoas achavam que para investir você precisava de quantias exorbitantes.

Outro ponto que chama atenção é que na hora de decidir onde efetivamente vai aplicar o seu dinheiro, o investidor, apesar de jovem, tem demonstrado maturidade. Ainda que 73% colham informações na internet e 60% o façam por meio de influenciadores, apenas 36% e 32%, respectivamente, afirmam que tomariam decisões baseadas em recomendações obtidas por esses meios.

Os relatórios de análise econômica e orientação de consultores e assessores financeiros são utilizados por 22% desse novo grupo de investidores da bolsa de valores. Os canais de comunicação mantidos pelos participantes desse mercado também mostram seu poder de influência. No total, 17% dizem que certamente ou provavelmente fariam um investimento recomendado por meio das redes sociais e notificações recebidas de corretoras, bancos e outras instituições financeiras.

"Com essa poupularização é natural que apareçam influenciadores, grupos de conversas mais informais e até que o assunto seja abordado em reuniões familiares.  É bacana, por um lado, que as pessoas estejam conversando entre elas e buscando informações na internet, que você tenha influenciadores ligados à área de finanças. Essa popularização é positiva para que mais pessoas possam investir melhor seus recursos e investir como gestores profissionais, alcançando a rentabilidade que antes era restrita a um público mais seleto e esclarecido na bolsa de valores ", concluiu a especialista da EXAME Research.

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