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Inteligência artificial pode reduzir emissões em óleo e gás

Estudo da consultoria Boston Consulting Group (BCG), parceria da COP26, mostra como o uso de inteligência artificial (IA) é imprescindível para identificar e mapear essas emissões de gases de efeito estufa no setor de óleo e gás, responsável por 41% das emissões

Envolvimento do setor de óleo e gás é imprescindível para frear aquecimento global  (Marcia Foletto/Agência O Globo)

Envolvimento do setor de óleo e gás é imprescindível para frear aquecimento global (Marcia Foletto/Agência O Globo)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 31 de outubro de 2021 às 08h00.

Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 12h48.

As emissões de gases de efeito estufa (GEE) devem reduzir drasticamente para frear o aquecimento global em 1.5ºC. Para isto, uma série de ações estão em pauta desde o Acordo de Paris, e há uma expectativa de possíveis novas resoluções a partir da Conferência das Partes, a COP26, que ocorre em Glasgow na primeira quinzena de novembro, com cobertura da EXAME.

A EXAME estará na COP26. Acompanhe as novidades em primeira mão

Neste cenário, a indústria de óleo e gás é responsável por 41% das emissões globais e pode se movimentar mais. Segundo um estudo divulgado pelo Boston Consulting Group (BCG), o uso de inteligência artificial (IA) é imprescindível para identificar e mapear essas emissões com maior precisão.

"As empresas estão preocupadas em reduzir as emissões. 85% dos executivos se declaram preocupados, e 96% deles têm targets de redução de emissão em algum período, mas não há precisão nestas metas. A inteligência artificial deve ajudar a consolidar essas iniciativas", diz Henrique Sinatura, diretor-executivo e sócio do BCG.

O relatório The AI Angle in Solving the Oil and Gas Emissions Challenge mostrou também que as preocupações neste sentido podem criar inclusive uma vantagem competitiva para empresas desta indústria, uma vez que muitos de seus clientes já vêm trabalhando para reduzir suas próprias emissões de GEE.

Segundo o executivo, foram entrevistados funcionários de cerca de 1.300 empresas  globais, que faturam mais de 100 milhões de dólares em nove indústrias.

O setor de óleo e gás é responsável por 41% das emissões globais de GEE. Enquanto 10% são emissões diretas (escopo 1), as indiretas relacionadas à energia elétrica (escopo 2) são 1% do total e as demais (escopo 3) representam 30%.

O segredo segundo o BCG, portanto, está em identificar e reduzir os impactos na cadeia de fornecedores e consumidores finais.

Para a consultoria, a inteligência artificial permite que empresas aproveitem dados de fornecedores e consumidores para criar modelos preditivos que estimam os níveis de emissões com mais precisão.

Desta forma, elas podem refinar suas estratégias de descarbonização ao realizar ações mais efetivas e monitorar os progressos com mais precisão.

Segundo o estudo, as emissões de escopo 3 podem ser responsáveis ​​por 90% ou mais de sua pegada de emissões total.

 Além do mais, construir uma linha de base de emissões de escopo 3 confiável, de alta qualidade e granular e, em seguida, trabalhar com fornecedores e clientes para reduzir suas emissões é um problema analítico extremamente complexo. 

No entanto, a pressão crescente para reduzir as emissões de GEE está forçando as operadoras - especialmente as grandes, devido às suas enormes pegadas de carbono - a buscar soluções com urgência.

“As emissões de escopos 1 e 2 são mais simples de serem mitigadas, com iniciativas operacionais e de eficiência energética, por exemplo. Já as de escopo 3 são de maior dificuldade – e é onde mais esforços devem ser aplicados. Com o apoio da IA, as empresas podem fazer análises mais avançadas e precisas, que ajudam na identificação das fontes e impulsionadores das emissões indiretas, e assim direcionar as estratégias e ações mais valiosas para atingir o objetivo de descarbonização. Tudo deve ser feito levando em conta as particularidades dos ativos energéticos da empresa, possíveis impactos financeiros das ações e a regulação vigente”, avalia Sinatura.

Além disso, para auxiliar as indústrias de óleo e gás que desejam começar a trabalhar de forma mais sustentável, o BCG preparou três recomendações:

  1. Certificar-se de que os esforços de previsão de emissões sejam feitos em todas as operações de base, incluindo fornecedores e clientes. Levar em consideração todos os processos de produção e oportunidades de crescimento, não deixando que eles sobrecarreguem a meta de redução de emissões.
  2. Focar os esforços de redução em cenários que considerem melhorias no processo de produção e a vida útil esperada dos ativos utilizados. Essas iniciativas podem ser executadas rapidamente, mas devem ser economicamente sólidas.
  3. Integrar ferramentas digitais de redução à central de dados para gerar uma única fonte para os dados financeiros e de cadeia produtiva, tornando o sistema mais confiável. A estratégia pode servir de base para um programa de gestão de mudanças culturais e trabalhistas, permitindo uma tomada de decisão rápida e a redução de carbono mais ágil e eficaz.

    Para Sinatura, estas ações influenciam toda a cadeia a trabalhar com dados. "A tecnologia ajuda a ter precisão na linha de base, em predições e mais. Isto traz eficiência e consistência no trabalho da empresa e da cadeia. Hoje 86% das empresa fazem esse trabalho em planilhas de Excel, quando isto se organiza há até redução de custos".

    BCG na COP26

    A consultoria é parceria exclusiva da COP26 e tem trabalhado diretamente com o governo do Reino Unido para gerar impulso em campanhas importantes, incluindo “Race to Zero” e “Race to Resilience”.

    Assim, a companhia estima que, para evitar danos irreversíveis e cumprir as metas do Acordo de Paris, incluindo chegar ao net-zero até 2050, as emissões globais devem ser reduzidas pela metade até 2030.

    Até 2050, o BCG estima que os investimentos globais precisam ser da ordem de US$ 150 trilhões para alcançar esses objetivos.

     

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