Índices de renda fixa: entenda por que você deveria conhecê-los
Índices podem proporcionar maior segurança aos investidores na escolha de um título e na análise do desempenho de suas aplicações como um todo
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2021 às 12h59.
Última atualização em 11 de dezembro de 2021 às 13h04.
Por Hilton Notini*
As variações do Ibovespa estão diariamente entre as notícias divulgadas pela grande imprensa. Quem assiste aos telejornais noturnos já se acostumou a escutar sobre o fechamento do mercado e a movimentação da Bolsa de Valores, com a oscilação do índice para cima ou para baixo. A importância desse termômetro sobre o desempenho do nosso mercado financeiro é inegável, mas vale um questionamento sobre sua representatividade entre os investidores locais.
A B3 vem batendo recordes consecutivos no número de pessoas físicas investindo em ações. A taxa de juros a um dígito por alguns anos, somada à pandemia e seus impactos nas finanças dos brasileiros, acendeu o alerta sobre a necessidade de diversificação dos investimentos. E, com isso, a renda variável tem ganhado espaço cada vez maior nas carteiras.
Entretanto esse avanço ainda não foi suficiente para que o Brasil deixe de ser o país da renda fixa , status que deve permanecer por bastante tempo: enquanto cerca de quatro milhões de pessoas estão hoje na bolsa, só o Tesouro Direto tem três vezes mais investidores.
Mesmo com um público maior na renda fixa, os índices que refletem o comportamento desses papéis são menos conhecidos e têm a exposição de suas oscilações restrita à imprensa especializada. Eles também são termômetros de seus respectivos mercados – o IMA (Índice de Mercado ANBIMA), por exemplo, captura as variações da dívida pública e reflete decisões do governo federal.
Além disso, esses índices podem proporcionar maior segurança aos investidores na escolha de um título e na análise do desempenho de suas aplicações como um todo. São indicadores bastante usados por gestores de recursos e demais profissionais do setor, mas ainda pouco aproveitados por aqueles que investem diretamente nos papéis.
Acompanhar as variações dos investimentos e o que as leva a acontecer é fundamental, especialmente em um cenário de maior volatilidade como o que vivemos hoje. E os índices são ferramentas essenciais para isso. Eles retratam a rentabilidade de um conjunto de ativos, possibilitando uma visão agregada de um segmento do mercado ou de uma estratégia de investimentos, facilitando as comparações entre os diferentes produtos disponíveis.
No caso dos títulos públicos federais, é o IMA que cumpre esse papel. Com resultados divulgados diariamente, o indicador reflete o desempenho de uma carteira semelhante àquela que compõe a dívida pública interna brasileira. E, como o universo de ativos é diverso, com títulos que vencem em curto, médio e longo prazos (pré-fixados ou pós-fixados) e indexados a indicadores variados (taxa de juros e inflação, por exemplo), são calculados também subíndices, que reproduzem carteiras específicas. Assim, o investidor pode usá-los como referências (benchmark) para a análise do desempenho de suas próprias aplicações.
O IMA é também um referencial do mercado de ETFs (Exchange Traded Funds), que são fundos negociados em bolsa e que buscam replicar o desempenho de um índice. Entre os sete ETFs de renda fixa disponíveis no Brasil, seis se baseiam em subíndices IMA, representando 98% do patrimônio líquido desse segmento. Além disso, o IMA também é usado por um número relevante de outros tipos de fundos, seja para direcionar a apuração da taxa de performance ou para replicar a carteira.
Ainda na renda fixa, existem os indicadores que acompanham os títulos de dívida privada, como o IDA (Índice de Debêntures ANBIMA). Ele também tem subíndices que refletem o comportamento de papéis com características específicas, como as debêntures tradicionais e as de infraestrutura, que contam com isenção de imposto de renda.
Com os juros em trajetória ascendente, a renda fixa tem se mostrado novamente uma opção promissora para as carteiras, principalmente considerando os títulos pós-fixados. Os ativos indexados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) também têm ganhado destaque com a alta da inflação. E, para auxiliar na elaboração de estratégias de investimento, os índices podem ser grandes aliados. Além dos profissionais do mercado, vale um olhar mais atento dos próprios investidores a esses referenciais.
*Hilton Notini é gerente de Preços e Índices da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).