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Ibovespa reduz alta com possível taxação de bancos; Wall Street avança até 3%

Bolsas internacionais se recuperam de perdas da última semana, quando alta dos rendimentos dos títulos americanos elevaram temores no mercado

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 1 de março de 2021 às 09h34.

Última atualização em 1 de março de 2021 às 18h54.

O Ibovespa reduziu a tendência de alta no final da tarde desta segunda-feira, 1, após passar a maior parte do pregão em disparada, acompanhando o cenário internacional positivo. O principal índice da B3 avançou 0,27% para 110.334 pontos, bem abaixo da máxima, quando subiu mais de 2% e chegou aos 112.445 pontos.

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O que diminuiu o ânimo do mercado foi a notícia do jornal O Globo de que o governo vai elevar impostos sobre as instituições financeiras para zerar o PIS/Cofins sobre o diesel. Segundo a reportagem, o governo vai editar uma MP aumentando a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de 20% para cerca de 23%.

Como resultado, as ações do setor bancário, que representam mais de 16% da carteira do Ibovespa, fecharam em queda, com destaque para Bradesco (BBDC4), que recuou 3,30%, e Itaú (ITUB4), que registrou queda de 3,05%. As ações do Santander (SANB11) recuaram 1,18% e as do Banco do Brasil (BBAS3) fecharam em queda de 0,68%. 

Já as ações da Vale (VALE3), que tem o maior peso no Ibovespa, avançaram 4,29% com a recuperação no cenário externo e conseguiram impulsionam a alta do índice. Por outro lado as ações da Petrobras (PETR3/PETR4), que também tem grande participação no índice, recuaram 0,63% e 1,08% respectivamente, seguindo a queda do petróleo.

Os preços da commodity recuaram mais de 1% nesta segunda-feira, diante de temores de que o consumo da commodity na China esteja perdendo força e de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) possa aumentar a oferta global em uma reunião nesta semana. O petróleo Brent fechou em queda de 0,73 dólar, ou 1,1%, a 63,69 dólares por barril, enquanto o petróleo dos Estados Unidos (WTI) recuou 0,86 dólar, ou 1,4%, para 60,64 dólares o barril.

Os destaques da sessão, porém, estão com os papéis do Assaí (ASAI3), que dipararam 386,05% em sua estreia, enquanto os do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) desabaram 71,89%. A alta explosiva de Assaí reflete a separação das ações do atacadista, cujo preço foi definido a 14,69 reais, correspondentes a 17,7% que a empresa possuía no capital do GPA.  

“O mercado ajusta o valor das ações para refletir o valor de ambas operações separadas. É importante notar que isso não se dá porque as ações PCAR3 são ruins ou estão com perspectiva negativa”, destacam os analistas da Ativa Investimentos.

Outra grande notícia do dia envolveu os papéis de NotreDame Intermédica (GNDI3) e Hapvida (HAPV3), que selaram um acordo de fusão neste fim de semana. As ações de ambas as companhias subiram, tendo a NotreDame Intermédica registrado 3,41% e a Hapvida, 5,29%.  No início do pregão, as duas ações chegaram a atingir valorização de 10%.

Para a equipe de Research do BTG Pactual, do mesmo grupo controlador da EXAME, a operação é altamente estratégica e sinérgica, e a recomendação é de compra das ações.

No exterior, os principais índices americanos se recuperaram e tiveram firme alta após as quedas na última semana causadas pela a alta dos rendimentos dos títulos americanos. A maior cautela sobre a inflação nos Estados Unidos gerou temores de que haveria uma migração para a renda fixa no país e um aumento de custos de empréstimos.  

Nesta segunda-feira, porém, o otimismo com o avanço da vacinação no país ajudou o mercado a se recuperar das perdas dos últimos pregões. O Dow Jones subiu 1,95%, aos 31.535 pontos, enquanto o S&P500 avançou 2,38%, aos 3.901 pontos. Já o índice de tecnologia Nasdaq registrou a maior alta: 3,01%, aos 13.588 pontos. 

Os investidores também mantiveram no radar a aprovação do pacote de 1,9 trilhão de dólares pela Câmara dos EUA, projeto que ainda precisa do aval do Senado. Embora bastante aguardado pelo mercado, o estímulo trilionário tem figurado entre as principais causas para as projeções de que a inflação americana deve se acelerar.

"Esse é um pacote gigantesco e é muito difícil mensurar a velocidade da inflação. O risco é perder o controle. Estímulos desse tamanho com a taxa de juros onde está é algo sem precedentes na história. Então, é natural uma volatilidade mais forte no mercado", diz Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos.

No mercado local, investidores seguiram atentos aos desdobramentos de Brasília sobre a PEC Emergencial, que prevê ajustes fiscais e espaço para a renovação do auxílio. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira que o governo estuda renovar o pagamento do auxílio emergencial em quatro parcelas de R$ 250, nos meses de março, abril, maio e junho, a fim de combater os efeitos econômicos nocivos da pandemia da Covid-19.

Ainda existem, no entanto, incertezas sobre o possível fatiamento da PEC Emergencial e também sobre o avanço da pandemia no Brasil. Esses temores impediram o real de acompanhar a valorização frente ao dólar vista nos pares emergentes. A notícia de elevação de impostos sobre instituições financeiras também repercutiu negativamente no câmbio.

A moeda americana encerrou o dia em leve variação negativa de 0,087%, a 5,6006 reais na venda.

As mesmas incertezas também foram responsáveis pelo resultado do Ibovespa. "Os investidores no mundo gostaram da aprovação pela câmara americana do pacote de estímulo fiscal de 1,9 trilhão de dólares, mas aqui, os investidores preocupados com a demora em aprovar a PEC Emergencial, e, além disso, com possibilidade de não haver contrapartida em cortes de gastos. Assim, os mercados aqui foram na mesma direção do exterior em recuperação, mas sem mostrar maior tração", afirma Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe do banco digital modalmais.

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