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Dólar blue: saiba como funciona o mercado paralelo de câmbio na Argentina

Crise econômica e inflação nas alturas fizeram os argentinos buscarem alternativas para dolarizar o seu patrimônio

. (Stock/Getty Images)

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 17 de maio de 2024 às 10h59.

Última atualização em 17 de maio de 2024 às 11h00.

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Não é de hoje que a Argentina passa por algumas complicações no que diz respeito à situação econômica, tanto que em janeiro a inflação do país alcançou o patamar de 250% nos últimos 12 meses. 

Nesse cenário, em busca de alternativas para proteger o seu recurso do impacto da desvalorização da moeda, a população foi em busca do câmbio paralelo e, com isso, teve início no país a comercialização do dólar blue .

O que é dólar blue?

Assim como ocorreu até mesmo na história brasileira, na Argentina existe um câmbio paralelo que, por muitos, é considerado ilegal, porém todos, inclusive Governo e autirdades monetárias, sabem que existe.

Esse câmbio “ilegal” é o denominado dólar blue, que nada mais é do que uma taxa de câmbio onde a cotação do dólar é definida de forma extraoficial e não tem qualquer fisclização por parte do Banco Central da Argentina.

Como mencionado anteriormente, em alguns momentos da história monetária brasileira também existiu câmbio paralelo, assim como em diversas economias, desde os primórdios da civilização.

Esse dólar blue é uma forma da população conseguir trocar seus pesos por dólares com maior vantagem, já que geralmente o câmbio paralelo possui uma taxa de spread menor do que a da cotação oficial.

Como se trata de um mercado sem fiscalização, mesmo com as vantagens da cotação, é muito importante ficar atento, já que é possível que cambistas, doleiros e demais agentes que realizam esse câmbio passem notas falsas sem você perceber.

Como surgiu o dólar blue?

A Argentina passa por um dos períodos mais difíceis de sua história monetária no que diz respeito ao nível de inflação que assombra o país e toda a população.

Com as elevadas taxas de inflação que o país apresenta, chegando a ter uma inflação anual de no ano de 2023 de 211%, a maior alta de preços dos últimos 33 anos, muitos argentinos têm procurado respaldo no dólar, para proteger o seu poder de compra de alguma forma.

Nesse sentido, o surgimento do dólar blue se deu, em um primeiro momento, em virtude das altas taxas de inflação que o país enfrenta e a ânsia da população por ter doláres e não pesos em suas mãos.

Porém, muito além disso, a intensificação da utilização do dólar paralelo passa, também, por medidas adotadas pelo governo argentino, mais especificamente pelo Banco Central da República Argentina (BCRA), que é responsável por determinar a taxa de câmbio, bem como a taxa de juros..

A taxa de câmbio definida pelo BCRA é a denominada oficial dentro do país, entretanto somente as instituições financeiras e as empresas ligadas ao comércio exterior possuem direito de acesso a essa cotação.

Além de ser restrito a alguns entes da economia, ainda existem limites para que a população compre dólar dentro do país. Cada argentino pode comprar US$ 200 por mês e, para isso, paga uma taxa de 75%.

Soma-se a compra do dólar a utilização do cartão de crédito, que se utilizado no exterior tem um limite de US$ 300 e uma taxa de 25%.

Por conta da situação econômica delicada, da percepção da população da perda do poder de compra da moeda nacional, pelo grande anseio em possuir dólares e pelas dificuldades impostas pelo governo para a compra de divisas, a população criou o dólar paralelo, conhecido hoje com dólar blue.

Com uma cotação extremamente volátil e sem qualquer fiscalização, o dólar blue, apesar de ser uma alternativa criada pela população, se tornou regra nos últimos meses.

Sempre em busca de proteção patrimonial e contenção do impacto da inflação, os argentinos vão em massa trocar seus pesos por dólares e veem no câmbio paralelo a melhor oportunidade de conseguir a tão sonhada moeda mais forte do planeta.

Onde comprar dólar blue no Brasil?

Com a cotação do peso argentino frente ao real ficando cada dia mais vantajosa aos brasileiros, que veem a Argentina como uma grande oportunidade de viagem, cresce a procura por formas de conseguir economizar no país.

Dessa forma, a grande pergunta que os brasileiros fazem é onde comprar o dólar blue no Brasil. Porém, como se trata de um câmbio paralelo definido e negociado na Argentina, apenas lá será possível ter acesso a moeda e as cotações.

Importante lembrar, que já foi muito vantajoso aos brasileiros viajar ao país vizinho, porém nos últimos meses essa vantagem tem diminuído, mas se mantém uma excelente relação de custo benefício.

Hoje, a cotação do dólar blue está apenas 20% mais vantajosa que o dólar oficial, o que pode ser explicado, de forma muito superficial, pela melhor percepção da população e de parceiros comerciais para os possíveis rumos futuros da economia.

Quais os riscos de comprar o dólar blue?

Uma vez que se trata de um câmbio não oficial e que não possibilita qualquer tipo de questionamento no caso de recebimento de notas falsas, existem alguns riscos atrelados a essa forma de realizar câmbio na Argentina, principalmente para os turistas.

Um dos maiores riscos, que tem relação com a origem do dinheiro que estará sendo trocado é a possibilidade dos recursos serem provenientes de crimes como a lavagem de dinheiro, sonegação, entre outros crimes, sendo passível de prisão caso seja constatada a negociação ilegal.

Além disso, as chances de você receber uma nota falsa no momento de realizar o câmbio são gigantes, o que impedirá que você utilize os recursos e, mais do que isso, não tenha qualquer chance de reaver os valores.

Portanto, se você deseja ir à Argentina e quer ter vantagem no que diz respeito a trocar mais pesos por dólares, é essencial tomar muito cuidado com o dólar blue e os locais onde irá realizar o câmbio. 

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